Fiesc projeta boa fase para setor de defesa com nova política industrial

Por Luiz Del Moura

As indústrias catarinenses do segmento de defesa ou interessadas em fornecer produtos e serviços para as Forças Armadas acreditam em um crescimento dos negócios a partir da inclusão do setor entre as missões da nova política industrial brasileira.

A perspectiva da injeção de recursos não reembolsáveis por meio de chamadas públicas de subvenção econômica como as lançadas pela Finep, no valor de R$ 280 milhões,  e de novas fontes de financiamento previstas na política do governo federal tem como meta alcançar a autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas de maneira a fortalecer a soberania nacional no setor.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e presidente do Conselho Temático da Indústria de Defesa e Segurança da CNI (Condefesa-CNI), Mario Cezar de Aguiar, outras medidas com foco em melhorar o ambiente de negócios também animaram o setor. “A perspectiva de consolidação da cadeia produtiva aeroespacial e de mecanismos de fomento às exportações foi vista com bons olhos pela indústria, assim como a possibilidade de parcerias estratégicas com o governo para a criação de novas tecnologias críticas desenvolvidas em conjunto”, avalia.

A expectativa é de que essas tecnologias, inicialmente pensadas para o setor de Defesa e Segurança, acabem transbordando para outros segmentos, impactando um número ainda maior de negócios e setores. “Essa é uma tendência que já observamos hoje. E esse é um dos fatores que levou a FIESC a pensar em um novo formato para a terceira edição da SC Expo Defense, evento que promove o setor de defesa no estado”, destaca o presidente da entidade.

Mais do que uma feira, com produtos e serviços em exposição, a SC Expo Defense tem o objetivo de apresentar demandas e tendências de mercado e favorecer conexões e relacionamento entre a indústria e as Forças Armadas. Outro objetivo é promover a troca de conhecimento e experiências entre as empresas, com foco no fomento a parcerias e novas tecnologias. O evento ocorre em maio na sede da FIESC em Florianópolis.

“Um dos diferenciais do evento na edição de 2024 é a área destinada a startups, com potencial para atender um eixo fundamental da nova política industrial, de desenvolver tecnologia 100% nacional para projetos críticos de defesa. A meta do governo é chegar a 50% de produção nacional, e estamos certos de que as indústrias catarinense e brasileira podem atender a essa expectativa”, avalia Aguiar.

Na avaliação da FIESC e CNI, as empresas estratégicas de defesa vivem um bom momento, mas toda a indústria pode se beneficiar da inclusão do segmento nas prioridades da política industrial, já que ela contempla também compras públicas dos mais diversos itens, como meias, alimentos e até simuladores complexos, por exemplo.

Bom momento

Além da previsão de investimentos por meio das chamadas públicas da Finep, os bons ventos para o setor também incluem discussões para que o Brasil seja signatário de um acordo com o Departamento de Defesa norte-americano. O Condefesa nacional foi consultado pelo governo federal e já se manifestou favorável à adesão ao chamado DEFARS, documento de regulação e compliance norte-americano que estipula regras para o fornecimento de materiais para as forças armadas e demais órgãos vinculados ao Departamento de Defesa dos EUA.

A inclusão do Brasil como DEFARS Qualifying Country permitiria a exportação de produtos e serviços brasileiros para o maior mercado de defesa do mundo e também para os demais países da OTAN e aliados dos Estados Unidos.
“Nossa indústria precisa estar atenta a esses movimentos e assumir o protagonismo. Participar de eventos como a SC Expo Defense é uma oportunidade de imersão nas discussões e novidades do setor”, destacou o presidente da FIESC e do Condefesa Nacional.

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