O trabalho feito pela rede de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica em Lages foi discutido em reunião virtual nesta quinta, dia 30. O encontro foi proposto pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), do Poder Judiciário catarinense, e a comarca local serviu também para a apresentação do projeto Ethos, que estimula e dissemina ações eficientes e inovadoras realizadas pela rede de atendimento no Estado.
Coordenadora da Cevid, a desembargadora Salete Sommariva reforça que o Ethos busca promover o compartilhamento de ideias e boas práticas para fortalecer aquilo que já é feito nas comarcas. “Estamos tentando fazer o melhor para que possamos manter ou abrir caminhos menos difíceis para as nossas mulheres. Para chegar ao ponto de ter no seu lar um verdadeiro santuário e poder viver em paz com sua família”.
Como lageana, a desembargadora lembra como o machismo estruturado na cidade sempre foi algo forte. “Quando criança presenciei muita cena triste, de mulheres sendo puxadas por seus maridos pelos cabelos. Lages, minha cidade natal e abençoada, infelizmente é diferenciada pelo patriarcado enraizado, mas acredito que isso pode mudar”.
O juiz Alexandre Takaschima, titular da 2ª Vara Criminal, diz que neste ano, especificamente, o enfrentamento à violência doméstica tornou-se um desafio diário. “O patriarcado aqui é muito forte. A caminhada junto com todas as colegas mulheres, que ocupam esse lugar de fala na rede, com essa questão simbólica, tem me trazido um alento e servido de esperança para que talvez a gente possa fazer uma transformação aqui em Lages”, destaca o magistrado, ao reforçar a importância da parceria com a Cevid. “O olhar da desembargadora Salete para o coletivo lageano é motivador e mostra que esse movimento é necessário”.
A participação da rede em Lages foi ampla e contou com a presença de representantes no Ministério Público, Defensoria Pública, Secretaria Municipal de Políticas para a Mulher, Secretaria Municipal de Saúde, Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso, Comissão da Mulher Advogada, Conselho dos Direitos da Mulher e Polícia Federal. Esse grupo teve a oportunidade de conhecer também alguns projetos desenvolvidos pela Cevid e saber sobre as três frentes de atuação do Ethos, que são: reuniões com a rede de atendimento para alinhar as atividades desenvolvidas nas comarcas; visita aos projetos para conhecer a execução e impacto entre os envolvidos; e desenvolvimento de projeto visual para o registro e divulgação das boas práticas.
Taina Borges – NCI/TJSC – Serra e Meio-Oeste