Cidasc controla foco do Pequeno Besouro das Colmeias em São Joaquim

Por Luiz Del Moura

A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) informa que foi identificado em monitoramento ativo no mês fevereiro, no município de São Joaquim, um foco suspeito do Aethina tumida, conhecido como Pequeno Besouro das Colmeias (PBC), em colmeias da espécie Apis mellifera.

As amostras que confirmaram a presença do besouro foram analisadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA/Goiás), unidade referência do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e a ocorrência foi prontamente controlada pelos profissionais da Cidasc, que adotou medidas de vigilância epidemiológica imediatas, mobilizando a equipe técnica para atuação na propriedade suspeita de foco, nas propriedades vizinhas e nos locais com vínculos epidemiológicos.

Estas medidas incluíram a instalação de armadilhas (iscas), inspeções minuciosas nas colmeias e ações de controle e saneamento no apiário afetado. A ocorrência foi prontamente controlada, e não há risco à atividade apícola local neste momento.

Durante o monitoramento foram realizadas as inspeções nos apiários vizinhos e nos pontos de vínculo epidemiológico, não sendo detectada a presença do besouro, indicando que a infestação foi isolada e contida.

Foto site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aethina_tumida

A companhia segue com o monitoramento constante na área, orientando os apicultores e meliponicultores a fim de conscientizar sobre a importância de notificar à Cidasc em caso de qualquer suspeita, para evitar a possível reintrodução do parasita e garantir a sanidade das colmeias da região.

O médico-veterinário e coordenador do Programa de Sanidade Apícola da Cidasc Pedro Mansur Sesterhenn alerta que “caso necessário, novas medidas de controle e eliminação serão adotadas, conforme os protocolos oficiais”, pontua o profissional.

O Pequeno Besouro das Colmeias é uma Doença de Notificação Obrigatória (DNO), descrita no Código Sanitário para os Animais Terrestre, listada pela Organização Mundial de Sanidade Animal (Omsa) e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A presença do parasita pode representar riscos à apicultura, ao meio ambiente e à economia, sendo obrigatória sua comunicação aos órgãos oficiais de defesa sanitária.

Aethina tumida é um predador e parasita das colmeias de abelhas melíferas. Adultos e larvas alimentam-se de larvas, pólen, mel e crias de abelhas. Em casos mais graves, a infestação pode provocar o abandono da colmeia pelas abelhas.

A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, reforça a importância da participação ativa dos apicultores no sistema de vigilância sanitária: “o monitoramento constante das colmeias é essencial para garantir a sanidade do plantel apícola e prevenir prejuízos à atividade. O controle de trânsito de colmeias, seu cadastramento na Cidasc, a rápida notificação à Cidasc quando se percebe mortalidade ou qualquer inseto diferente nas colmeias, é o conjunto preventivo básico que o apicultor precisa praticar. Pedimos que, ao menor sinal de alteração ou suspeita da presença de parasitas, os produtores entrem em contato imediatamente com a Cidasc. A resposta rápida é decisiva para evitar a disseminação de pragas como o Pequeno Besouro das Colmeias, especialmente porque se sabe que este besouro das colmeias é encontrado com frequência em outros estados da federação”, alerta Celles.

As ações de controle realizadas pela Cidasc seguiram as diretrizes do Mapa, com base na Nota Técnica n.º 09/2019 e no Manual de Doenças das Abelhas, que orientam os procedimentos de contenção do besouro e proteção dos apiários, medidas de controle devem ser tomadas como:

Ações no apiário: 

1. Realizar a substituição de favos velhos periodicamente, especialmente os quadros com pólen velho;

2. Manter as colônias fortes e com bastante cria; o xarope do alimentador deve ser removido caso esteja fermentado ou com abelhas mortas;

3. Realizar o manejo de inspeção das colônias regularmente, observando atentamente principalmente em frestas na tampa, nas laterais, no fundo, nos quadros e favos para detectar a presença ou não do besouro;

4. Realizar movimentação legal observando normas oficiais para o transporte de abelhas para qualquer finalidade e em qualquer local, isto é, com a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) entre as propriedades de origem e destino;

5. Manter rainhas jovens com boa postura;

6. Buscar a melhoria da genética dos apiários com abelhas que apresentem um bom comportamento higiênico e maior resistência a pragas e doenças;

7. Raspar periodicamente o acúmulo de própolis e de cera na tampa, nas paredes, fundo das colmeias e molduras dos quadros, que podem servir de abrigo para o besouro;

8. O apiário deve ser mantido limpo e deve ser instalado em local de solo seco e rígido. As caixas devem ficar sobre cavaletes para permitir a ventilação e iluminação nas horas mais frescas do dia, pois essas condições dificultam o ciclo de reprodução do besouro;

9. As colmeias devem estar em bom estado, pois o besouro pode se esconder em rachaduras e frestas; quando não povoadas devem ser retiradas do apiário e sua cera deve ser fundida;

10. As caixas inapropriadas devem ser inutilizadas e desinfestadas por métodos tais como fervura, vassoura de fogo, imersão em solução com detergente ou outro procedimento de eficácia equivalente adotado sob orientação da autoridade veterinária; e

11. Novas colônias e materiais devem ser adquiridos de áreas não infestadas.

Ações na extração e processamento de mel e outros produtos apícolas:

1. Mel: após a extração, o produto deverá ser submetido à filtragem obrigatória em estabelecimento que atenda à recomendação expressa no Código Sanitário dos Animais Terrestres da Omsa com malha do filtro cujos poros não sejam superiores a 0,42mm. O resíduo da filtragem do mel deverá ser tratado imediatamente com procedimentos que possam assegurar a sua completa desinfestação. Por exemplo, congelamento a temperatura igual ou inferior à -12 °C pelo período mínimo de 24 horas, e dissecação por secagem a frio ou qualquer procedimento de eficácia equivalente reconhecido pela autoridade veterinária oficial;

2. Pólen, Geleia Real e Própolis: Congelamento no mínimo de 2 a 5 dias à temperatura abaixo de zero grau;

3. Manter sempre as instalações limpas, sem resíduos de mel, cera, abelhas mortas e outros produtos do apiário;

4. Materiais e equipamentos utilizados na desoperculação devem ser imediatamente limpos;

5. Restos de cera sobrenadante de mel também devem ser retirados para impedir o desenvolvimento de larvas e perdas do produto por contaminação;

6. Opérculos e pedaços de favos devem ser imediatamente processados, ou seja, derretidos antes de serem utilizados novamente;

Todo o cuidado é importante, pois as larvas que conseguem se desenvolver nesse ambiente migram para o ambiente externo e continuam o ciclo de reprodução do besouro.

A Cidasc fortalece as ações de vigilância nas propriedades através da investigação epidemiológica e de atividades de educação sanitária junto aos apicultores e associações, orientando sobre a importância dos cadastros dos apiários, a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), o transporte de colmeias responsável e o controle do Pequeno Besouro das Colmeias por meio de boas práticas apícolas.

Notificação de suspeitas de doenças em animais:

A notificação imediata ao Serviço Veterinário Oficial do seu Estado de ocorrências de determinadas doenças animais é de fundamental importância para a proteção da pecuária nacional e da saúde pública. Muitas doenças podem causar sérios impactos na produção animal e na saúde humana. Após comunicar, o atendimento e o diagnóstico é rápido, e o saneamento do foco é essencial para impedir a disseminação e permitir o controle ou erradicação.

O que notificar:

  • Doenças de Notificação Obrigatória estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa);
  • Ocorrências de sinais clínicos de causa desconhecida, ou mortalidade alta, ou inesperada também devem ser notificadas imediatamente;
  • Em caso de dúvida, entre em contato com a Cidasc, o órgão oficial de Defesa Agropecuária de Santa Catarina.

Como comunicar casos suspeitos

A notificação pode ser feita presencialmente ou por telefone, em qualquer instância local, regional, estadual ou federal do Serviço Veterinário Oficial, representado pelos Órgãos Estaduais de Sanidade Agropecuária e pelas Superintendências Federais de Agricultura do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

A notificação também pode ser realizada diretamente no Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (e-Sisbravet). O registro será imediatamente encaminhado ao responsável do Serviço Veterinário Oficial no município de localização da suspeita ou doença registrada. Para isso, é importante que a localização do estabelecimento onde se encontram os animais envolvidos na notificação seja a mais precisa possível para possibilitar a investigação.

Jornalista Alessandra Carvalho Assessoria de Comunicação
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc)

Leia também

Deixe um comentário

um × 3 =