O bispo, Dom Guilherme Werlang, e o coordenador diocesano de Pastoral, padre Álvaro Emanoel Silva, publicaram a “Carta Aberta ao Povo de Deus da Diocese de Lages”, com uma reflexão profunda “Fraternidade e Amizade Social”, e o seu lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs”.
Diz a carta: “O tema da Amizade Social quer nos chamar atenção para as diversas formas de inimizades em nossa sociedade, onde excluímos quem pensa diferente de nós. Isso gera um clima de ódio, inimizade e polarização nos diversos campos, como na política, na Igreja, na família e grupos sociais. Quem pensa diferente, tem religião diferente, tem partido diferente, tem uma compreensão de Igreja diferente não deve ser visto como inimigo, ele também é meu irmão, minha irmã. Isso também nos faz olhar para aqueles e aquelas que vivem situações de extrema pobreza em nosso país e nas cidades de nossa diocese. Entre estes, as pessoas em situação de rua, migrantes, os que vivem nas periferias de nossas cidades, os sem trabalho e emprego, os povos originários, dentre outros”.
O texto lembra que a pobreza no Brasil aumentou após a pandemia, e com ela, o número de desempregados e pessoas em situação de rua, e explica que a “aporofobia” , que é um termo que significa desprezo ou aversão por pessoas pobres, vem ganhando destaque nas mídias sociais. O bispo e o coordenador pontuam, ainda que a Diocese de Lages é cortada por rodovias federais e estaduais, que favorecem a ida e vinda de pessoas, e além disso, há o trabalho sazonal no cultivo da maçã e da uva na região, e muitas vezes esses trabalhadores acabam permanecendo nas cidades em situação de extrema pobreza e exclusão.
“Muito trabalho vem sendo feito por ONG’s, Entidades Beneficentes, Associações e Órgãos Públicos, e mesmo assim, chegam a nós queixas de atendimento ineficiente, ou precário, e em muitas situações, políticas de higienização e aporofobia […]. Incentivamos as autoridades para que continuem promovendo políticas públicas claras, para que estas pessoas sejam acolhidas, com respeito e dignidade”.
Adverte ainda para a situação das Casas de Acolhimento , que devem ser espaços de amizade e humanidade, com acompanhamento médico e psicológico, e que a Segurança Pública trate as pessoas em situação de rua com respeito e dignidade, e não com repressão e hostilidade.
Sugere a carta: “Propomos que todas as Políticas Públicas voltadas às pessoas em situação de rua e empobrecidos sejam, antes de tudo, marcadas pelo respeito de cada ser humano, vendo neles sempre um irmão e uma irmã, conforme Jesus nos lembra em Mateus 23, 8.: “Vós sois todos irmãos!”. Ninguém deve ser obrigado a ir embora, em razão de sua condição social de vulnerabilidade, pois a prática de Jesus testemunha que todas as pessoas devem ser acolhidas”.
A Igreja faz um chamamento às autoridades, padres e à toda sociedade: “Incentivamos nossas Autoridades, em todas as esferas, que atuem em conjunto com os Movimentos Sociais e com as Igrejas, a fim de buscar soluções conjuntas para as diversas situações de divisão e polarização. Por isso, neste contexto de fraternidade, entendemos que a solução não está em imitar o conceito de outros prefeitos de Santa Catarina, mas agir com responsabilidade e cuidado com a vida. Neste mesmo caminho, motivamos todo o Povo de Deus de nossa Diocese que também faça a sua parte. Convocamos também os padres, religiosas e religiosos, lideranças leigas para que, em suas Comunidades, assumam gestos concretos de acolhida e proximidade a todas as pessoas.”