Parque Natural de Lages passa por revitalização e será reaberto para visitação

Por Luiz Del Moura

Além da reforma da sede e trilhas, projetos de educação, turismo ambiental através da contemplação de aves e pesquisas sobre as espécies nativas serão retomados

Muito mais do que um espaço de lazer e contemplação da natureza. O Parque Natural João José Theodoro da Costa Neto, localizado no bairro São Paulo em Lages, é uma oportunidade para conhecer um pouco da biodiversidade da flora e da fauna da Serra Catarinense.  O parque está sendo totalmente revitalizado e logo será reaberto para visitação. O trabalho é realizado pela Prefeitura de Lages, através da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente, que também cuida do agendamento, segurança e manutenção do espaço.

As obras estão na fase final e a previsão é de que até o fim de outubro estejam concluídas. Uma solenidade deverá marcar a reabertura do parque para a comunidade. “Nosso propósito sempre foi atrair cada vez mais visitantes para o Parque Natural, um espaço muito importante e que simboliza a preservação da vegetação e animais nativos da nossa região. Por isso estamos revitalizando e deixando tudo pronto e adequado para garantir um ambiente agradável e seguro aos visitantes”, diz o secretário do Meio Ambiente, Jean Felipe de Souza.

O cronograma de obras contou com pintura externa da sede, troca do telhado, melhorias no portal de acesso, instalação de rampas garantindo a acessibilidade, instalação da cobertura do deck e revitalização de todas as trilhas.

O recurso é proveniente de uma compensação ambiental entre a Prefeitura de Lages e o Instituto do Meio Ambiente, através da empresa Púlpito Energia Eólica. Com recursos do Fundo do Meio Ambiente estão sendo instalados decks de observação e trilhas de madeira com corrimão, que dão acesso à cachoeira.

Mais de 200 hectares de biodiversidade

O Parque Natural Municipal conta com aproximadamente 234 hectares de extensão, cortados pela BR-116. A área de visitação fica apenas em uma parte, onde é possível encontrar uma diversidade de animais nativos, como Bugio, Paca, Cutia, Mão-Pelada, Ouriço-Cacheiro, muitas espécies de aves e algumas serpentes.

O parque conta ainda com mais de 90 espécies arbóreas, nativas da Mata Atlântica. Dentre as principais estão a Bracatinga, Araucária, Guabiroba, Pimenteira, Pata de Vaca, Casca de Anta, Ingá, Caroba, entre outras.

O Parque Natural conta com cinco trilhas: Trilha do Xaxim; Trilha da Cachoeira; Trilha da Bracatinga; Trilha da Araucária e a Trilha do Bugio. Desde a mais curta, com 270 metros, até a mais extensa, com 600 metros. Cada trilha será sinalizada com fitas de cores diferentes, penduradas nas árvores para que o visitante não se perca. “É possível fazer uma caminhada mais longa, interligando uma trilha na outra, podendo chegar a 2,5 quilômetros, em torno de 1h às 2h de passeio”, explica a bióloga responsável pelo parque, Michelle Pelozato.

Todos que passarem pelas trilhas poderão contemplar a natureza através dos decks e se divertir com as placas com desenhos dos mascotes, com espaço para fotos interativas. O mascote principal foi escolhido através de um concurso de desenhos nas escolas municipais, realizado em 2018. O animal vencedor foi a Curucaca, e outros animais também foram escolhidos para estarem representados nas placas: Bugio, Ouriço-Cacheiro e o Mão-Pelada.

Placas informativas serão instaladas

Dentro do cronograma de revitalização também estão previstas as instalações de placas educativas e informativas sobre a flora e fauna nativa. Foram catalogadas cerca de 30 espécies de árvores que estão em evidência dentro do parque, dentre as mais comuns na região. Serão mencionadas com o nome científico e popular e um QrCode, pelo qual as pessoas que tiverem interesse poderão acessar mais informações via internet.

Esta foi uma iniciativa em parceria com a estudante do curso de Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV/Udesc), Márcia Simonetti, que fez seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre as espécies nativas do parque e disponibilizou o catálogo.

Também serão instaladas novas placas com fotos dos animais nativos que habitam o local e suas principais características, além de um mapa do parque, pelo qual será possível localizar as trilhas. “Este trabalho foi muito importante, pois nem sempre os visitantes estarão acompanhados por um guia com explanações sobre todas as espécies”, destaca a bióloga Michelle.

Projeto de videomonitoramento para pesquisas e materiais de estudo

Com recursos provenientes do Fundo do Meio Ambiente será possível adquirir câmeras de monitoramento da fauna local, pelas quais serão capturadas imagens da floresta e seus animais (inclusive os animais com hábitos noturnos), seu comportamento e as espécies nativas.

Posteriormente as imagens poderão ser usadas em pesquisas, divulgação da unidade de conservação e servir como material de estudo em escolas em disciplinas de educação ambiental. “Também estão sendo firmadas parcerias com professores universitários para projetos de extensão, com o objetivo de divulgar ainda mais a unidade de conservação. Antes da pandemia estávamos com bastante procura pelo parque, chegando a uma média de 300 a 400 visitantes agendados todo mês. Agora precisamos difundir novamente e trazer mais pessoas interessadas em conhecer e usufruir do espaço, além de fortalecer o vínculo com a comunidade do entorno, nos bairros São Paulo e São Francisco”, diz a bióloga.

Turismo ambiental e preservação do espaço

Em um futuro próximo, há a intenção de desenvolver um projeto de turismo ambiental no local para observação de aves, prática muito cultuada em outras regiões e parques naturais. “Temos uma diversidade enorme de aves, e muitas espécies somente são encontradas aqui. Já estamos em contato com professores, biólogos e pesquisadores interessados em projetos como este para colocar em prática a ideia é catalogar todas as aves”, diz Michelle.

Outra preocupação é preservar o espaço e não permitir a degradação feita pelo próprio homem que acaba jogando lixo e depredando as benfeitorias. Segundo Michelle Pelozato, o vandalismo diminuiu bastante, principalmente depois que foi implantado o projeto Guarda Mirim, que deverá ser retomado em breve. “As crianças das escolas localizadas no entorno do parque passam por um curso e descobrem a importância do parque e sua preservação. Depois há um revezamento de turmas, que passam as tardes aqui. É muito bom este envolvimento da comunidade”, relata.

A sede conta com estrutura para palestras e eventos, que podem ser realizados na Sala Verde, equipada com equipamentos de telão e data show. As escolas podem ocupar o espaço mediante agendamento para aulas nas disciplinas relacionadas ao meio ambiente.

Texto: Aline Tives

Fotos: Toninho Vieira

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