Publicação da Epagri orienta sobre sistemas produtivos que geram renda e preservam o meio ambiente

Por Luiz Del Moura

Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, a Epagri lança uma publicação em que apresenta os conceitos e os princípios dos Sistemas Agroflorestais de Produção  (SAFs). Esses sistemas são indicados para pequenas propriedades rurais como forma de preservar o meio ambiente ao mesmo tempo em que geram renda, pois unem, em uma mesma área, espécies agrícolas e florestais e a criação de animais. A obra é de livre download e pode ser acessada aqui.

Intitulada Sistemas agroflorestais de produção: conceitos, princípios e aplicações em Santa Catarina, a publicação tem como autores pesquisadores e extensionistas da Epagri e da UFSC e traz os resultados de pesquisas relacionadas à caracterização dos sistemas agroflorestais tradicionais de Santa Catarina, financiadas pela Fapesc.

Sistema silvipastoril tradicional “caíva”, com melhoramento da pastagem no Planalto Norte Catarinense – Foto: Fábio Zambonim/Epagri

Como exemplos de SAFs encontrados em SC, a publicação menciona os sistemas  silvibananeiros,  em que a bananeira é cultivada sob a sombra de espécies arbóreas  nativas  e  demais  frutíferas, presente no Litoral e Vale do Itajaí;  sistemas silvipastoris ou caívas, que envolvem, simultaneamente, árvores nativas ( araucária, imbuia, erva-mate e outras)  e um componente animal alimentado com pastagens; e a erva-mate sombreada, comum no Planalto Norte, em que os  ervais são sombreados pela floresta  nativa.

Produção de alimentos e prestação de serviços ambientais

A obra é destinada a técnicos que atuam na pesquisa agropecuária e na extensão rural com o objetivo de promover a diversificação da paisagem produtiva de Santa Catarina e a agricultura de baixa emissão de carbono.  Segundo um dos organizadores, pesquisador da Epagri/Ciram Fábio Zambonim, a publicação também auxilia os técnicos a orientar os agricultores familiares na regularização ambiental de Áreas de Preservação Permanente (APP).

Sistema agroflorestal com bananeira, cafezeiro, palmeira-juçara e arbóreas nativas em Corupá, SC – Foto: Fábio Zambonim/Epagri

Isso é possível porque, ao unir espécies agrícolas e florestais, os SAFs tiram  proveito  ecológico  e  econômico  das  interações estabelecidas  entre  os  componentes  integrantes  do  sistema, obtendo como resultantes produtos  florestais,  agropecuários e a prestação  de  serviços  ambientais,  em  especial  a conservação do solo e da água.

Produção de erva-mate sombreada em Chapecó, SC – Foto: Fábio Zambonim/Epagri

De acordo com Zambonim, a adoção  de  sistemas  agroflorestais  de produção é mencionada pela FAO como uma das práticas capazes de mitigar  os  impactos  ambientais  e  promover o  desenvolvimento sustentável no campo. “A  conversão  ou  adequação  de  uso  da  terra  visando  à  substituição  de  atividades agropecuárias impróprias para áreas suscetíveis à erosão, por sistemas conservacionistas rentáveis,  é  imprescindível  para  a sustentabilidade  ambiental  e  socioeconômica da  agricultura  familiar  no  Estado.  Nesse  sentido,  os  sistemas  agroflorestais  de  produção (SAFs) apresentam-se como principal opção para ocupar estas áreas vulneráveis”, diz ele.

Sistema agroflorestal com aipim, mamão, maracujá e palmeira-juçara em Itajaí, SC – Foto Fábio Zambonim/Epagri

Zambonim ressalta que estimular os agricultores catarinenses a converter os monocultivos em sistemas produtivos mais complexos e com rentabilidade, é possível promover um modelo de   agricultura mais sustentável e resiliente . “Embora  existam  exemplos  consolidados  e  estudos  técnico-científicos que demonstram a viabilidade ecológica e socioeconômica do uso de SAFs na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga e na Mata Atlântica, ainda é pequena a parcela de produtores que adota em Santa Catarina, seja pela falta de reconhecimento pelos órgãos financiadores ou pela falta de fomento e assistência técnica. Esta obra tem o objetivo de contribuir para mudança desse cenário”, diz o pesquisador.

Mais informações e entrevistas: Fábio Zambonim pesquisador da Epagri/Ciram e um dos organizadores da publicação, fone: (480 3665-5160 / zambonim@epagri.sc.gov.br

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