Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, a Epagri lança uma publicação em que apresenta os conceitos e os princípios dos Sistemas Agroflorestais de Produção (SAFs). Esses sistemas são indicados para pequenas propriedades rurais como forma de preservar o meio ambiente ao mesmo tempo em que geram renda, pois unem, em uma mesma área, espécies agrícolas e florestais e a criação de animais. A obra é de livre download e pode ser acessada aqui.
Intitulada Sistemas agroflorestais de produção: conceitos, princípios e aplicações em Santa Catarina, a publicação tem como autores pesquisadores e extensionistas da Epagri e da UFSC e traz os resultados de pesquisas relacionadas à caracterização dos sistemas agroflorestais tradicionais de Santa Catarina, financiadas pela Fapesc.
Como exemplos de SAFs encontrados em SC, a publicação menciona os sistemas silvibananeiros, em que a bananeira é cultivada sob a sombra de espécies arbóreas nativas e demais frutíferas, presente no Litoral e Vale do Itajaí; sistemas silvipastoris ou caívas, que envolvem, simultaneamente, árvores nativas ( araucária, imbuia, erva-mate e outras) e um componente animal alimentado com pastagens; e a erva-mate sombreada, comum no Planalto Norte, em que os ervais são sombreados pela floresta nativa.
Produção de alimentos e prestação de serviços ambientais
A obra é destinada a técnicos que atuam na pesquisa agropecuária e na extensão rural com o objetivo de promover a diversificação da paisagem produtiva de Santa Catarina e a agricultura de baixa emissão de carbono. Segundo um dos organizadores, pesquisador da Epagri/Ciram Fábio Zambonim, a publicação também auxilia os técnicos a orientar os agricultores familiares na regularização ambiental de Áreas de Preservação Permanente (APP).
Isso é possível porque, ao unir espécies agrícolas e florestais, os SAFs tiram proveito ecológico e econômico das interações estabelecidas entre os componentes integrantes do sistema, obtendo como resultantes produtos florestais, agropecuários e a prestação de serviços ambientais, em especial a conservação do solo e da água.
De acordo com Zambonim, a adoção de sistemas agroflorestais de produção é mencionada pela FAO como uma das práticas capazes de mitigar os impactos ambientais e promover o desenvolvimento sustentável no campo. “A conversão ou adequação de uso da terra visando à substituição de atividades agropecuárias impróprias para áreas suscetíveis à erosão, por sistemas conservacionistas rentáveis, é imprescindível para a sustentabilidade ambiental e socioeconômica da agricultura familiar no Estado. Nesse sentido, os sistemas agroflorestais de produção (SAFs) apresentam-se como principal opção para ocupar estas áreas vulneráveis”, diz ele.
Zambonim ressalta que estimular os agricultores catarinenses a converter os monocultivos em sistemas produtivos mais complexos e com rentabilidade, é possível promover um modelo de agricultura mais sustentável e resiliente . “Embora existam exemplos consolidados e estudos técnico-científicos que demonstram a viabilidade ecológica e socioeconômica do uso de SAFs na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga e na Mata Atlântica, ainda é pequena a parcela de produtores que adota em Santa Catarina, seja pela falta de reconhecimento pelos órgãos financiadores ou pela falta de fomento e assistência técnica. Esta obra tem o objetivo de contribuir para mudança desse cenário”, diz o pesquisador.
Mais informações e entrevistas: Fábio Zambonim pesquisador da Epagri/Ciram e um dos organizadores da publicação, fone: (480 3665-5160 / zambonim@epagri.sc.gov.br