Setor reúne 4,2 milhões de cooperados e exibe patrimônio líquido de R$ 31,6 bilhões, segundo o balanço apresentado pela OCESC nesta segunda-feira, 29
O vigor econômico do cooperativismo catarinense, que envolve mais de 4,2 milhões de cooperados e movimenta R$ 85,9 bilhões por ano, foi detalhado pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Luiz Vicente Suzin, e pelo superintendente Neivo Luiz Panho, em evento promovido nesta segunda-feira, 29, no Hotel Magestic, em Florianópolis.
O balanço do setor em 2023 mostrou crescimento das receitas da ordem de 3,7%, acima, portanto da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no período, que ficou em 2,9%. O patrimônio líquido, no conjunto das cooperativas, cresceu 12,3% e atingiu R$ 31,6 bilhões.
Um dos dados mais relevantes do levantamento é a expansão do número de cooperados que cresceu 9,6% no ano passado com o ingresso de mais de 370 mil pessoas. As 249 cooperativas que integram a OCESC reúnem, juntas, 4,2 milhões de catarinenses, o que representa mais da metade da população do Estado.
Significativa, também, é a participação do setor no bolo tributário estadual e nacional. Em 2023, as cooperativas catarinenses recolheram R$ 3,4 bilhões aos cofres públicos em impostos sobre a receita bruta, um crescimento de 5% em relação ao exercício anterior.
O quadro de funcionários cresceu 8%, em 2023, com a criação de 7 mil novos postos de trabalho. Juntas, as cooperativas mantêm 95.400 empregados diretos.
Desempenho setorial
Na apresentação dos resultados do ano, o superintendente Neivo Luiz Panho destacou a participação de cada um dos ramos que integram o cooperativismo catarinense.
O ramo agropecuário continua sendo o mais expressivo, economicamente, respondendo por 64% do movimento de todo o sistema cooperativista em Santa Catarina. As 49 cooperativas agropecuárias fecharam o ano com 83.850 cooperados, aumento de 2,7% no quadro social que foi encorpado com mais 2.221 associados. O setor também foi o que mais criou vagas – gerou 4.771 novos empregos – alcançando 60.827 postos de trabalho, o que representa um aumento de 8,5%.
A receita operacional total dessas cooperativas, no entanto, recuou 3% e totalizou R$ 54,7 bilhões. Segundo o presidente da Ocesc, a queda de preço no mercado mundial e o baixo desempenho no mercado interno explicam o revés nas receitas. Suzin acredita que a recuperação ocorrerá em 2024, projetando um crescimento de 15% no faturamento do ramo agropecuário, alcançando R$ 62,9 bilhões. “Isso se o governo federal for inteligente e continuar apoiando o setor”, pontuou o líder cooperativista.
Exportações – As exportações das cooperativas catarinenses atingiram R$ 9,9 bilhões no ano passado com aumento de 2% e foram suportadas, basicamente, pelo agronegócio. As vendas externas de proteína animal responderam por 75% dos negócios no mercado internacional, seguindo-se cereais in natura, cereais processados, frutas e derivados, fertilizantes, sementes e leite e derivados. As projeções para 2024 indicam um aumento de 5% nas vendas das cooperativas catarinenses ao mercado mundial, o que significam R$ 10,4 bilhões em divisas.
Projeção – O presidente da OCESC prevê que continuará expressiva a participação das cooperativas nas exportações do agronegócio, que respondem por cerca de 30% do PIB catarinense e por 70% das vendas catarinenses no exterior, decorrente da imensa presença das cooperativas nas cadeias produtivas de grãos, leite, suínos e aves.
Demais segmentos
As 66 cooperativas de crédito reúnem o maior número de associados do sistema cooperativista catarinense: são 3,3 milhões de catarinenses. Foram incorporados, só em 2023, 309.575 novos associados, 10% superior aos dados de 2022 . O quadro funcional cresceu 8%, com a contratação de 1.311 empregados e totaliza, agora, 17.845 trabalhadores nas agências e unidades administrativas.
Com invejável desempenho, as cooperativas de crédito contabilizaram receitas totais de R$ 19,1 bilhões, incremento de 23,5% em relação ao ano anterior. A OCESC projeta crescimento, em 2024, na casa de 25%.
O ramo saúde cresceu 11% no ano passado em receitas totais, atingindo R$ 6,6 bilhões no exercício de 2023. Criou, no período, 1.061 vagas de empregos. As 30 cooperativas de saúde em operação no território catarinense mantêm 10.781 empregados e reúnem 14.172 associados, 3,4% a mais do que em 2022. Para 2024, o ramo saúde tem expectativa de uma expansão de 10%.
O ramo de infraestrutura dedica-se, fundamentalmente, ao fornecimento de energia elétrica para extensas regiões do território barriga-verde. São 39 cooperativas que atendem 449.147 associados – número que evoluiu 5,6% no último ano. A receita operacional bruta aumentou 9% e fechou o ano em R$ 1,8 bilhão. É o segundo ramo em número de associados.
O ramo de consumo, dedicado a manutenção de supermercados entre outras atividades, é representado por 15 cooperativas que, em 2023, obtiveram receitas totais de R$ 1,6 bilhão – faturamento 9,6% superior ao ano anterior. O número de associados cresceu 11% e agora são 382.728 cooperados. O número de empregados manteve-se em 3.238. Em 2024, o crescimento projetado é da casa de 10%.
O número de cooperativas catarinenses do ramo de transporte baixou de 41 para 39, em 2023. Em consequência, o número de cooperados encolheu de 6.617 para 5.500. O desempenho econômico, entretanto, foi positivo e as cooperativas tiveram receitas no valor de R$ 1,9 bilhão, resultado 11,5% acima do ano anterior.
As 11 cooperativas do ramo de trabalho, produção de bens e serviços registraram discreta variação em seus índices de desempenho e encerraram o exercício com 1.377 cooperados e R$ 28,5 milhões em receitas.