Madeira apreendida por corte ilegal será utilizada na construção de moradias para atender famílias em situação de vulnerabilidade em Lages

Por Luiz Del Moura

O material, composto por tábuas e caibros de araucárias foi doado pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e será destinado para construção de unidades habitacionais de emergência, gerando economia de R$ 70 mil ao Município

Parceria firmada entre a Prefeitura de Lages e Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) resultou na doação de aproximadamente 44,67 metros cúbicos de madeira nativa (Araucária angustifólia), que serão destinados para a construção de moradias populares, por meio da Coordenação Habitacional e Regularização Fundiária do município.

A liberação do material foi autorizada por meio de Processo Administrativo Ambiental da Polícia Militar Ambiental e o pedido formal de doação foi realizado pela prefeita Carmen Zanotto, com apoio da Coordenadoria Regional do Meio Ambiente de Lages. “Essa ação se faz necessária para conter o desmatamento e a exploração ilegal de madeira, que é um problema sério em todo o Brasil, e destinar o material apreendido a quem mais precisa”, comenta a prefeita.

O material doado foi apreendido em uma ação da Polícia Militar Ambiental no interior do município de Vargem, em uma propriedade rural. Toda a madeira de Araucária já estava cortada em tábuas e caibros, deste modo, 70% da doação será utilizada para fazer tesouras para o telhado e as divisórias das unidades habitacionais que o município entrega.

De acordo com o executivo da Coordenação Habitacional e Regularização Fundiária, Thiago Bettú, a ação representa um avanço estratégico. “As madeiras serão usadas para complementar os materiais que usamos para construir as casas e, com essa quantidade, conseguiremos auxiliar na construção de oito a dez unidades habitacionais”, explica.

Com essa ação haverá uma economia de até R$ 70 mil aos cofres públicos, o reaproveitamento sustentável de recursos naturais e as famílias cadastradas terão dignidade habitacional. “Essa doação não só reduz significativamente os custos da administração, como também permite que a madeira apreendida, antes sem destino, seja transformada em moradias para famílias em extrema necessidade. É uma iniciativa que une responsabilidade ambiental com impacto social direto e efetivo”, reitera Bettú.

Ainda segundo o executivo da Coordenação Habitacional e Regularização Fundiária, há novas conversações para o recebimento de mais material apreendido na região. “Esperamos receber 150 metros cúbicos de madeira até o fim do ano, o que gerará uma economia de mais de R$ 150 mil ao Município”, completa.

Espécie ameaçada de extinção 

A araucária é uma árvore símbolo da região Sul do Brasil, foi intensamente explorada por apresentar alto valor econômico e hoje está ameaçada de extinção. Santa Catarina ainda apresenta muitos casos de corte ilegal da árvore nativa, inclusive em locais de proteção permanente.

Presente na cultura local e nas paisagens da Serra, a araucária é mais do que uma árvore. Ela representa identidade, memória e equilíbrio ambiental. No entanto, sua existência está ameaçada. A espécie, que já cobriu grandes extensões da Mata Atlântica no Sul do Brasil, hoje ocupa menos de 3% de sua área original.

A legislação brasileira é clara quanto à proteção da espécie e estão previstas multas e prisão de um a três anos, conforme a Lei de Crimes Ambientais, para quem derrubá-las sem a devida autorização e sem práticas de manejo sustentável.

Manter essa árvore viva é garantir que gerações futuras continuem colhendo a semente da araucária, o pinhão, por isso sua preservação exige fiscalização efetiva, mas também conscientização. Denúncias de corte ilegal podem ser feitas à Polícia Ambiental com o 190, ao Ministério Público e junto ao site do IMA.

Texto: Silviane Brum

Fotos: Divulgação

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