Mensalmente, o setor da merenda escolar do Município recebe mais de 60 itens entre produtos hortifrútis e de dieta especial, como bolachas sem glúten, sem leite, sem ovos, sem soja ou zero lactose
O propósito do PNAE é incentivar o fornecimento dos alimentos perecíveis, como os hortifrútis, através dos agricultores familiares e promover uma alimentação mais adequada aos alunos, já que a agricultura familiar é responsável pela produção de alimentos saudáveis que são disponibilizados de maneira planejada para o consumo nas unidades escolares.
O guia alimentar para a população brasileira preconiza o consumo preferencialmente de alimentos in natura e minimamente processados. “A aquisição dos alimentos provenientes da agricultura familiar pelos gestores e nutricionistas proporciona aos alunos a oferta de um alimento de melhor qualidade nutricional e que respeita o hábito alimentar regional”, acrescenta Daniel.
Logística na distribuição de toneladas de alimentos
Toda segunda-feira o barracão da Merenda Escolar recebe os itens de hortifrútis entregues pelos pequenos agricultores que participam da chamada pública e também os produtos entregues pelas cooperativas. Os itens são separados e embalados conforme a demanda de cada unidade escolar. A distribuição é realizada a partir da terça-feira. “O corpo técnico de nutricionistas faz a conferência de qualidade e quantidade, e toda semana temos a presença do Observatório Social que também fiscaliza de perto estas entregas, contribuindo bastante com a fiscalização”, afirma o coordenador.
Atualmente a Prefeitura de Lages, através da Secretaria Municipal da Educação, tem parceria com uma cooperativa e uma associação que fornecem os produtos, na qual cada uma tem mais de 20 famílias associadas. A maioria dos hortifrútis fornecidos pela agricultura familiar é produzida de forma orgânica. Os produtos são sazonais, ou seja, atendem a demanda conforme o que é produzido em determinadas épocas do ano.
Semanalmente é entregue uma grande quantidade de alimentos, que precisam ser rapidamente distribuídos para que a dispensa das escolas não fique vazia. Para se ter uma ideia, a cada semana é contabilizada aproximadamente 2.500 quilos de banana; 2 mil quilos de maçã; 800 quilos de mamão; 650 pés de alface; 2 mil quilos de batata inglesa; 700 quilos de beterraba; 525 caixas de ovos de galinha; 3.400 quilos de carne moída; 8.500 caixas de leite, entre outros itens essenciais para garantir a alimentação nas escolas.
Parceria que garante uma alimentação mais saudável e beneficia produtores
O produtor Fabiano Sanguanini, da localidade Dimas Bairro, faz entregas de alface, temperos verdes, tomate, pepino e feijão de vagem. Somente de tomate, em sua propriedade são produzidas cerca de 30 toneladas, 100% orgânicos e com certificado. Destas, cerca de duas toneladas são entregues para a merenda escolar. “Gostamos muito desta parceria, pois nos ajuda bastante, tanto na praticidade quanto no preço diferenciado, por se tratar de produtos orgânicos. Recebemos um valor cerca de 30% a mais do que em outros locais que comercializamos”, comenta. Ele conta que sempre teve lida no campo, mas há quatro anos optou por produzir somente orgânicos. “Mudamos pela qualidade de vida. Livramo-nos do contato com o agrotóxico, melhoramos nossa saúde e também garantimos um alimento de mais qualidade para quem consome”, explica.
Toda a família de Lauro Medeiros, morador do bairro Tributo, trabalha na produção dos hortifrútis que fornecem para a merenda escolar. Eles dividem a propriedade que conta com 16 hectares nas cinco estufas que produzem alface, temperos verdes variados e também plantam pastagem para o gado leiteiro. Situação parecida do produtor Albertino Santos Freitas, da localidade Macacos, que planta couve, alface, temperos, moranga, batata doce e repolho. “Somos três para dar conta de tudo. O programa é muito bom, cada produtor recebe uma cota de até R$40 mil em produtos. Nunca conseguimos chegar a tanto, por termos uma propriedade pequena, mas o que conseguimos ajuda muito no orçamento”, diz.
Entre os produtos entregues pela Agricultura Familiar, além dos hortifrútis, numa lista com cerca de 50 itens entre frutas, hortaliças, verduras, temperos verdes, chás e tubérculos, estão os produtos de dieta especial, como bolachas sem glúten, sem leite, sem ovos, sem soja ou zero lactose.
Cardápio balanceado conforme sazonalidade
O cardápio é planejado pela equipe de nutricionistas da Secretaria da Educação, de acordo com a sazonalidade e a oferta de produtos. Atualmente, o setor da merenda escolar disponibiliza cinco cardápios diferentes para as escolas, sendo três deles para os Centros de Educação Infantil Municipais (Ceims), que atendem crianças de zero a cinco anos e onze meses, e outros dois para as Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs), que atendem estudantes maiores. “Procuramos incluir receitas novas, para não ficar enjoativo, então cada dia da semana é um cardápio diferente e diariamente é oferecido carnes na merenda. Nas datas comemorativas sempre saímos da rotina com um cardápio especial, com carne assada, ou um strogonoff, maionese, sobremesa, entre outras opções diferenciadas”, comenta a nutricionista Crislaine Pereira.
Muitas escolas contam com hortas onde são cultivados hortaliças e temperos que são utilizados na merenda escolar. Recentemente foi implantado em algumas escolas um projeto piloto chamado “Pancs nas Escolas”, que se trata da inserção de Plantas Alimentícias Não Convencionais, como a Ora-pro-nóbis, Peixinho da Horta e o Capuchinho nas hortas escolares. Este projeto é uma parceria com a Secretaria da Agricultura e Pesca.
Texto: Aline Tives
Fotos: Toninho Vieira