Projeto em parceria com a comarca de Lages contribui para ressocialização de jovens socioeducandos

Por Luiz Del Moura

Atividades de horta e jardinagem trazem benefícios à saúde mental e habilidades pessoais

Mexer na terra melhora a saúde física e mental. O cultivo das plantas traz diversos benefícios emocionais e para o corpo e, no caso dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, a atividade pode refletir diretamente no processo de reinserção social. Em Lages, na Serra catarinense, um projeto de horta e jardinagem envolve 25 reeducandos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) no plantio de verduras, hortaliças, mudas frutíferas e flores e no cuidado com o ambiente.

Todas essas práticas adotadas pela unidade são incentivadas e apoiadas pela Justiça local. O juiz Ricardo Fiúza, titular da Vara da Infância e Juventude da comarca de Lages, enfatiza o impacto positivo dessas iniciativas na vida dos jovens. “Atividades como horta, jardinagem e cursos profissionalizantes não apenas ensinam responsabilidade e trabalho em equipe, mas também resgatam a autoestima e a dignidade desses adolescentes. Elas proporcionam uma verdadeira chance de reintegração à sociedade e são fundamentais para a construção de um futuro melhor, tanto para os jovens quanto para a comunidade”, assinala.

O projeto de horta e jardinagem é permanente, ocorre uma vez por semana e conta com a orientação de dois instrutores. O Senar também é parceiro e oferece cursos de olericultura orgânica, piscicultura e roçadeira como complemento à iniciativa. Esses momentos são intercalados com outras atividades, como informática, aulas do ensino fundamental e médio e outros cursos e palestras. Na horta são produzidos repolho, alface, cebolinha, tomate e abobrinha entre outros itens, que são destinados à refeição dos adolescentes. Já na atividade de jardinagem e paisagismo é executado o plantio de mudas frutíferas e flores. Além disso, os adolescentes promovem o cuidado com o pátio da unidade ao aparar grama e irrigar as mudas, por exemplo.

Coordenador pedagógico do Case de Lages, Alcioneide Daboite diz que tem percebido, junto aos internos, o efeito terapêutico que essas atividades trazem. Elas ajudam na redução de estresse e ansiedade e promovem uma sensação de tranquilidade. Também trazem responsabilidade e disciplina, desenvolvem habilidades práticas e estimulam o trabalho em equipe, a colaboração e a comunicação. “Os adolescentes aprendem a lidar com diferentes opiniões e resolver conflitos de forma pacífica”, destaca.

Participar de atividades de jardinagem e horta promove, segundo o coordenador, uma maior conscientização sobre meio ambiente e sustentabilidade, pois incentiva as práticas ecológicas e o respeito pela natureza. “Eles estão aprendendo a fazer algo que pode, no futuro, ser uma fonte de renda”. Alcioneide destaca que esse conjunto de benefícios é capaz de contribuir para o retorno dos jovens ao convívio social. “Tudo isso traz novas perspectivas para que se afastem daquele comportamento nocivo e possam substituí-lo por uma ocupação positiva, construtiva, que lhes trará um futuro diferente fora do centro socioeducativo”.

NCI/TJSC – Serra, Meio-Oeste e Sul

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