Agenda foi organizada pela Secretaria da Políticas para a Mulher e o Idoso de Lages, única secretaria do Estado voltada para este tema. Experiências compartilhadas em falas e palestras emocionantes trouxeram um lembrete a todos: fortalecer as mulheres e enfrentar qualquer tipo de violência
O seminário “Agosto Lilás: unindo forças pelo fim da violência contra a mulher” teve a participação do reitor da Uniplac, Kaio Henrique Coelho do Amarante; do presidente da Câmara de Vereadores de Lages, Maurício Batalha Machado; da Procuradora da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores, professora Elaine Moraes; da delegada Regional de Polícia Civil, Luciana Rodermel; da representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Mareli Graupe, além de vereadores, servidores municipais, comunidade acadêmica e população interessada em debater o tema.
Quem conduziu as atividades foi a prefeita Carmen Zanotto, acompanhada pela vereadora licenciada e secretária de Políticas para a Mulher e o Idoso, Suzana Duarte. “Infelizmente o entendimento de que mulheres não podem ocupar espaços de poder ainda é muito forte. Que possamos ser exemplo em sociedade contra a violência. Juntos, pois este tema também precisa incluir homens, todos nós”, enfatiza a prefeita.
Já a secretária Suzana Duarte, abriu as explanações enumerando as ações implementadas no Município este ano. Como, por exemplo, o histórico de atendimentos realizados por bairros, a Casa de Apoio à Mulher, atividades envolvendo municípios da região, projeto em escolas com crianças e jovens, ações junto à comunidade em pontos estratégicos da cidade, Brechó Solidário, entre outros. “É um mês dedicado às mulheres. Nossos esforços estão totalmente voltados para a conscientização e o acolhimento de cada uma. Mas o combate real à violência acontece todos os dias, através das políticas públicas que podemos e devemos incentivar”, defende.
Logo após, seguiram-se as palestras da noite. A Secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná e deputada federal, Leandre Dal Ponte falou sobre a expansão das ações governamentais no estado vizinho. E acerca da importância dos eventos nacionais e até mesmo internacionais, como na Organização das Nações Unidas (ONU), para o fortalecimento das entidades representativas e sociais.
A Coordenadora das Delegacias de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI’s), delegada Patrícia Zimmermann D´Avila, trouxe números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, relatório que também aponta balanço de crimes contra mulheres. E também elencou os tipos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral) e a dificuldade de reconhecer, seja em pequenos atos do dia a dia ou ações de grande impacto, que podem estar sendo vítimas deste tipo de crime. Finalizou trazendo uma reflexão cultural, sobre quantas músicas, por exemplo, promovem preconceitos e falas misóginas.
Já a chefe da Secretaria de Programas Institucionais da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), tenente-coronel, Naíma Huk Amarante, impactou a todos com seu relato pessoal. Vítima de violência sexual aos seis anos de idade, conviveu com a violência doméstica sofrida também pela mãe, se viu grávida aos 16 anos de idade em seu primeiro relacionamento, foi expulsa de casa e viu o ciclo da violência perpetuar-se em sua vida, em um casamento tóxico e abusivo que durou dez anos. Contrária a tudo, ela abriu caminhos e não desistiu. Hoje, concilia suas atividades e palestras, se coloca no lugar de cada mulher ou menina vítima de violência e as incentiva a quebrar qualquer vínculo emocional que seja, em prol de si mesma, da vida e da liberdade de ser quem se é.
Num debate rico, que calou o público atento em absorver as considerações apresentadas, mas também ampliou os holofotes para o tema e incentivou a fala e a ação por parte dos participantes, a Secretaria da Políticas para a Mulher e o Idoso de Lages, única secretaria de Santa Catarina atuante nesta área, foi pioneira mais uma vez em suas atividades, que seguirão com ênfase durante todo este mês de agosto, e despertou um lembrete importante que não pode ser esquecido: o de que devemos todos juntos fortalecer as mulheres e enfrentar qualquer tipo de violência de gênero.
Que uma das falas, dentre tantas essenciais promovidas pelo seminário, possa acalentar e libertar as mulheres que já sofreram ou ainda sofrem, vítimas de violência. “Não existe mulher que gosta de apanhar. Existe mulher humilhada demais para reagir. Existe mulher machucada demais para denunciar. Existe mulher com medo demais para acusar. Existe mulher pobre demais para ir embora”, Leandre Dal Ponte.
Texto: Priscila Dalagnol
Fotos: Nilton Wolff