Sem estabelecer prioridades, ter um plano de longo prazo e construir parcerias robustas entre múltiplas partes interessadas (stakeholders) não será possível construir ecossistemas de inovação realmente capazes de apoiar o desenvolvimento de tecnologias críticas de defesa, segurança e resiliência. A avaliação é da professora de empreendedorismo e decana associada para Inovação e Inclusão no MIT Sloan, co-diretora da Iniciativa de Inovação do MIT e membro do conselho do Fundo de Inovação da OTAN, Fiona Murray.
A especialista participou como palestrante da SC Expo Defense, evento com foco em inovação e novas tecnologias para o setor de Defesa e Segurança, que a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) organizou nos dias 16 e 17 de maio, em Florianópolis.
As soluções tecnológicas para grandes problemas e demandas do futuro, baseadas em ciência e engenharia inovadoras, são conhecidas pelo termo “deep tech”. São empresas ou projetos que nascem a partir da união de tecnologia, inovação e descobertas científicas para o desenvolvimento de produtos e serviços em áreas como energias limpas, biotecnologia, “blockchain”, tecnologia espacial, inteligência artificial, computação quântica, química e genética, por exemplo.
De acordo com a professora do MIT, entre os grandes desafios das “deep tech” está o elevado grau de incerteza em relação ao tempo, à intensidade de capital necessário e também em relação à melhor abordagem ao problema que se quer resolver, não apenas nas suas fases iniciais, mas também quando entram na fase de expansão.
A solução, afirma Fiona Murray, é construir ecossistemas de inovação robustos, capazes de criar um ambiente favorável para o desenvolvimento de tecnologias “com o poder de ditar o futuro”.
De acordo com ela, esse ecossistema seria composto de empreendedores e equipes talentosas construindo startups em torno das demandas críticas do país; investidores em capital de risco, com fortes parcerias e processos governamentais para garantir investimento estrangeiro direto apropriado; pesquisadores de universidades e institutos de pesquisas focados nas prioridades nacionais, com financiamento adequado para concentrar a pesquisa nessas prioridades e com conhecimento e normas para equilibrar os interesses nacionais com envolvimento internacional.
Ela destaca ainda o papel do governo como cliente líder desses projetos, atraindo fundos do setor privado e fornecendo infraestrutura e estabelecendo regulação e políticas públicas adequadas. Fechando a cadeia, ela destaca o papel das empresas, de forma a investir em P&D continuamente, compartilhando ativos e construindo uma cadeia de suprimentos e a integração com outros sistemas de startups.
Oportunidades de Negócios
Durante a manhã do segundo dia da SC Expo Defense, as empresas participantes tiveram a possibilidade de participar da Rodadas de Oportunidades, ouvindo as demandas de aquisições das Forças Armadas e de Segurança.
As empresas puderam apresentar suas soluções para atender as demandas de produtos e serviços das Forças, e tirar suas dúvidas sobre os processos de compras de cada órgão.
No período da tarde, o Ministério da Defesa do Brasil promoveu o Diálogo de Defesa Brasil-Itália. A iniciativa dos Ministérios da Defesa do Brasil e da Itália teve como foco identificar oportunidades de intercâmbio tecnológico e novos negócios entre empresas dos dois países. As empresas participantes puderam debater áreas de interesse mútuo para cooperação em pesquisa, desenvolvimento e produção de produtos e serviços de defesa e promover o intercâmbio de tecnologias entre empresas da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira e italiana.
A terceira edição da SC Expo Defense, iniciativa da Federação das Indústrias de SC (FIESC) para fomentar o setor de Defesa e Segurança, focou na vocação do estado, a inovação. Para o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, o evento foi capaz de reunir num mesmo espaço todos os agentes envolvidos para desenvolver uma indústria de defesa forte e inovadora. “Mais uma vez, SC se destaca ao promover um evento de altíssimo nível para um setor tão estratégico para o país”, afirmou.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina