O feijão preto “Caviano”, totalmente desenvolvido pelos pesquisadores do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de
Santa Catarina (Udesc) em Lages, obteve, recentemente, registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a agora integra o Registro Nacional de Cultivares (RNC).
A cultivar inédita é a primeira totalmente desenvolvida pela Udesc. O Caviano é fruto do trabalho dos pesquisadores do Instituto de Melhoramento e Genética Molecular (Imegem) e começou a ser desenvolvido em 2007. Foram usados métodos clássicos de melhoramento genético que resultou em uma cultivar com ampla adaptabilidade e boa produtividade.
A equipe que conduziu as pesquisas é composta pelos professores Jefferson Luís Meirelles Coimbra e Altamir Frederico Guidolin e pelos doutorandos em Produção Vegetal Rita Carolina de Melo e Paulo Henrique Cerutti. “Esperamos que esta seja a primeira de muitas cultivares desenvolvidas pela pesquisa no CAV, disponibilizando produtos para toda população catarinense, especialmente para os agricultores serranos”, divulgou o grupo.
O desenvolvimento teve a parceria da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que trabalhou junto com a Udesc na condução de testes de avaliação de genótipo. “Desde 1996, conduzimos ensaios em conjunto e nunca tínhamos produzido uma cultivar. É a primeira vez que fazemos uso dessa parceria para esse fim”, comenta o professor Guidolin.
Potencial produtivo maior
O novo genótipo apresenta adaptabilidade ampla para as principais regiões produtoras de feijão em Santa Catarina. Os estudos apontam que o Caviano tem bom desempenho em condições adversas de cultivo, como por exemplo, sob escassez de água. Além disso, revela inserção do primeiro legume superior, diminuindo as perdas de grãos e otimizando o processo de colheita mecanizada.
Segundo o professor Jefferson Coimbra, é vantajoso para os produtores terem cultivares que são fruto de melhoramento genético: “As doenças surgem, a cada ano, com maior intensidade. O melhorista renova estes genótipos, com algumas características diferentes que oferecem cerca de cinco ou seis anos de resistência contra esses patógenos. Por esta razão, já se aumenta o potencial produtivo”.
Formação para melhoramento genético
O objetivo principal das pesquisas são, em primeiro lugar, capacitar os acadêmicos na área do melhoramento genético. “Diversos alunos que, hoje, atuam no melhoramento de plantas participaram ativamente deste processo e estão representados aqui”, comenta a doutoranda Rita Carolina de Melo.
Já a escolha da cultura, segundo Coimbra, se deve ao fato de o feijão ser extremamente importante para pequenos produtores: “É uma maneira de darmos retorno do que recebemos do Estado para os produtores e, fundamentalmente, criar um programa de melhoramento que seja técnico, didático e pedagógico para os alunos”, afirma.
Novo genótipo em desenvolvimento
“O Caviano não para por aqui”, revela Rita. De acordo com o grupo, um novo genótipo de feijão já está em desenvolvimento: “Já temos o que chamamos de linhagem de um novo genótipo, que ainda não está registrado”, conta o doutorando Paulo Henrique Cerutti. “Ele é fruto de um outro método clássico de melhoramento e está em avaliação preliminar para verificarmos se tem o mesmo desempenho”.
Os resultados da pesquisa atual serão publicados em uma revista de melhoramento genético por meio do artigo intitulado “Caviano: Cultivar De Feijão Preto Com Sistema Radicular Melhorado E De Adaptabilidade”, que será submetido pelo grupo.
Assessoria de Comunicação da Udesc Lages