Mais música na Escola de Artes e Programa Lages Melhor

Por Luiz Del Moura

A Escola de Artes Elionir Camargo Martins é um dos equipamentos culturais administrados pela Prefeitura de Lages por meio da Fundação Cultural de Lages (FCL). Nesse mês de julho, a FCL trabalha uma série de reformulações durante o período de recesso das aulas de artes. Além de mudanças estruturais, tanto a escola quanto o Programa Lages Melhor – projeto desenvolvido pelo prefeito Antonio Ceron que leva cursos gratuitos de artes plásticas, danças e músicas para bairros da cidade, – já estão contando com dois novos instrutores de artes.

Edu Alencar, do nordeste do Brasil para a serra catarinense

Eduardo José Rufino Alencar (40) é natural de Fortaleza, Ceará. Conta que é músico há 22 anos e está há 10 na área específica de Musicalização Infantil, juntamente com a esposa, formada em Fonoaudiologia. Ele trabalhou numa clínica especializada em autismo por dois anos em Fortaleza, e traz na bagagem bastante experiência.

Edu veio para Lages através da sua sobrinha, Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo, mais conhecida como Amandinha, ex-jogadora de futsal do Leoas da Serra. Em 2019, pouco antes do período de pandemia, Amandinha realizou alguns trabalhos relacionados à fonoaudiologia e viu a necessidade e a demanda nessa área, e ligou para a tia, Monalisa Alencar, sinalizando uma possibilidade de sucesso nesta área em Lages. Foi então que Edu e a esposa resolveram vir até Santa Catarina e investir neste segmento.

Eduardo conta que quando tinha 7 anos de idade, na escola, em Fortaleza, um professor do conservatório de música resolveu dar aulas gratuitamente nas escolas, e uma das escolas foi a dele. Foi através desta pessoa que Edu resolveu ser músico. “Uma inicialização musical para a criança desperta algo que será para o futuro dela, e a música tem essa responsabilidade”, diz Edu.

O músico costuma usar uma frase de Caetano Veloso: “A música é a única das artes que te pega pelas costas”. Edu reforça a ideia que a pessoa pode estar em qualquer lugar, se toca uma música, ela lembra de onde estava naquele dia e de quando essa música surgiu na sua vida. E para as crianças, que as informações chegam em uma velocidade alta, com resultado avassalador, a música é de extrema importância, ela muda, transforma a vida de qualquer um.

Eduardo iniciou como professor na Fundação Cultural de Lages na última segunda-feira (4 de julho), e tem recebido alunos de 7 a 12 anos, porém, não tem limite de idade para ter acesso às suas aulas pela Escola de Artes.

Dentro da musicalização infantil existem diversas situações de brincadeiras, dinâmicas e criação de músicas. Um exemplo é o instrumento musical ukulelê, que, segundo Edu, abre um leque de ideias e possibilidades. As atividades ora são realizadas em grupo, ora em dupla, sempre percebendo o clima dos alunos e a receptividade para cada tipo de exercício e dinâmica.

A musicalização trabalha a percepção, a atenção, coordenação, questão rítmica. Tudo que é realizado em sala de aula, é levado e aproveitado na escola, pois a música trabalha bastante a questão neural, de aprendizado.

Edu Alencar é músico por conta da musicalização que ele recebeu na infância, como já mencionado, através da iniciativa de uma pessoa em inserir este tema na vida das crianças, naquela época. Conta que quando adolescente, teve contato com o violão. Quando tocou no instrumento sem saber tocar, neste momento, lembrou das aulas que teve quando menor. Diz que os alunos lembrarão dele no futuro, pois é gigantesco o que a música faz dentro de um ser, e principalmente nas crianças.

“A música é um preparo para a vida. As crianças não vão sair das aulas iguais, elas saem diferentes por conta da magia da música. Além disso, a música forma cidadãos e ajuda com a disciplina. Se as crianças chegarem tristes para a aula, elas sairão felizes, se entrarem pesados, sairão leves”, cita.

Além de trabalhar com instrumentos musicais como o violão, ukulelê, percussão, o canto também é utilizado durante as atividades.

A expectativa do Edu para os próximos meses é a melhor possível, prometendo trazer a Lages uma aula diferenciada, que traga ao mesmo tempo leveza e aprendizado aos alunos, conhecendo a música e extraindo dela tudo o que há de melhor.

Raissa Burigo, ensino da acordeona começou com o avô

Raissa Xavier Burigo tem 18 anos e é natural de Lages. É instrutora de acordeon há 1 ano e meio, e dá aula na Escola de Artes há 3 meses, para cerca de 15 alunos de diversas faixas etárias.

Raissa conta que a música sempre esteve presente em sua vida. O primeiro contato com o acordeon na família foi através do avô, que repassou os conhecimentos ao tio. Diz que quando tinha por volta de 8 ou 9 anos, passou a se interessar pelo instrumento musical em específico, tendo aulas com o vovô. Após esse período, foi buscando outros professores e se profissionalizando.

Raíssa conta que gosta de ensinar aquilo que o aluno gosta de aprender. “Tem alunos que gostam mais de música sertaneja, gaúcha ou clássica. Dessa forma, o aluno se mantém interessado, aprendendo aquilo que lhe agrada”, conta. Outra forma de lecionar que ela utiliza é ser próxima dos alunos, ser amiga, criar uma relação amigável, sem divisões. “Trocando ideias e conhecimentos, eu aprendo com eles, e eles aprendem comigo”, ressalta.

Raissa diz que a música, a arte em si, tem um papel fundamental na vida das pessoas, por melhorar a concentração, saúde mental, casos de ansiedade, depressão, estress. Ela vê a música como algo terapêutico, e se sente com sorte em trabalhar com algo que começou sendo um hobby e acabou se tornando profissão. “É algo que eu me divirto fazendo, meu objetivo é dar mais leveza no dia a dia, na vida das pessoas, essa é a função da arte”.

Segundo o superintendente da FCL, Giba Ronconi, o período de recesso de alguns cursos está dentro de um planejamento de mudanças na Escola de Artes. “Estamos reorganizando toda a estrutura da Escola de Artes, e essas mudanças vão chegar também no Programa Lages Melhor. Entre as premissas estão uma maior aproximação com pais e mães e também com as instrutoras e instrutores de artes. A chegada da instrutora Raissa e do Edu permite que possamos também aplicar novas ideias e buscar novos horizontes nos equipamentos culturais que são tão importantes para as pessoas”. Para informações sobre vagas e cursos, basta ligar para (49) 3019 74 81.

Texto: Emellin Camargo e Fabrício Furtado

Fotos: Fabrício Furtado

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