Trabalhos de desassoreamento em rios e córregos amenizam risco a famílias lageanas em bairros de distintas áreas da cidade

Por Luiz Del Moura

Em torno de 150 ações de desassoreamento e limpeza de córregos e rios nos dois anos mais recentes, contendo a limpeza de valas de drenagem pluvial e galerias. No período, em torno de 35 bairros e loteamentos atendidos

O inverno no Hemisfério Sul começou na quarta-feira (21 de junho), às 11h58min. O prognóstico climático elaborado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), expõe que a estação será marcada por um período menos chuvoso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e em parte do Norte e Nordeste do Brasil. Os maiores volumes de precipitação se concentram no noroeste da região Norte, leste do Nordeste e em parte do Sul do país.

O início do inverno trouxe mais chuva para a região Sul. Com a influência do fenômeno El Niño, o país deve experimentar uma estação mais chuvosa que o normal no Sul e Sudeste, e mais seca em toda a metade norte, pelo o que informa a Agência Brasil.

O inverno deste ano terá impacto do fenômeno El Niño, que afeta o Brasil aumentando a seca no Norte, Nordeste e parte norte do Centro-Oeste, e provoca o oposto no Sudeste e Sul, com volumes de chuva maiores que o normal. Acontece quando as águas do Oceano Pacífico na faixa da Linha do Equador aquecem anormalmente, alterando o sistema de ventos em toda a América do Sul, e impede que as frentes frias que vêm do Sul avancem do Sudeste do Brasil.

O Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa) confirmou que o El Niño já se formou e tende a se fortalecer ao longo do inverno. Não tem um tempo previsível de duração, e pode se estender entre seis meses a dois anos.

O volume de chuvas na Serra Catarinense coloca as autoridades sob cautela, pois excesso de água e assoreamento firmam uma combinação perigosa. A definição de desassoreamento refere-se à remoção do sedimento acumulado no leito de rios, lagos, córregos ou canais. O acúmulo de sedimentos, conhecido como assoreamento, pode ocorrer em circunstâncias de processos naturais, como a erosão do solo, ou como resultado da ação humana, como o desmatamento ou a urbanização inadequada. No desassoreamento utiliza-se equipamentos adequados, como dragas, escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras ou draglines. Ferramenta de grande porte para engenharia civil e mineração de superfície, contudo, ideal para todos os tipos de escavação necessários em dragagem de sedimentos em profundidade, acumulados em tanques, rios, lagoas, barragens e outros ambientes aquáticos. Esta é a dragline.

A limpeza concentra-se na remoção de resíduos sólidos e poluentes presentes na superfície ou nas margens dos corpos d’água. E pode ser realizada manualmente ou com maquinários. “Correto afirmar que nos córregos e rios são executadas a limpeza e o desassoreamento, uma vez que são aplicadas as duas técnicas”, observa o secretário executivo da Defesa Civil de Lages, João Eduardo da Silva Pacheco (Sargento Pacheco).

O desassoreamento e a limpeza têm a finalidade de restaurar a capacidade de vazão dos rios, prevenir inundações, melhorar a qualidade da água e manter a navegabilidade. Envolvem a remoção do sedimento, ao qual estão incluídos areia, lodo, pedras e detritos, dos rios e córregos, e, aliás, a coleta de lixo, plásticos, detritos vegetais, entulho e outros materiais descartados de maneira indevida, com possibilidade de comprometer a qualidade da água e prejudicar o ecossistema aquático.

Em Lages, os serviços são desenvolvidos pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), com uma máquina escavadeira hidráulica, um caminhão basculante (caçamba) – os dois da prefeitura, destinados à Defesa Civil – e, quando preciso, uma retroescavadeira. A equipe de tarefas está composta por um motorista de veículos pesados, um operador de máquinas pesadas, ambos no trabalho operacional, e um assessor de Defesa Civil. Secretário executivo e engenheiro civil procedem à avaliação do local, ao averiguar a existência de acesso com máquina, e do grau de risco de alagamento.

Estas atividades são realizadas pela prefeitura há anos, anteriormente era de responsabilidade da Secretaria de Obras. A partir do ano de 2019 passou a ser de responsabilidade da Defesa Civil.

De 2021 para cá, 150 ações em 35 bairros. Destes, 14 em 2023  

Aproximadamente 150 ações de desassoreamento e limpeza de córregos e rios nos dois anos mais recentes, contendo a limpeza de valas de drenagem pluvial e galerias. No período, em torno de 35 bairros e loteamentos atendidos: Araucária, Bates, Bela Vista, Brusque, Caça e Tiro, Caravágio, Centro, Copacabana, Dom Daniel, Ferrovia, Frei Rogério, Guarujá, Habitação, Ipiranga, Jardim Panorâmico, Cristal, Maria Luiza, Passo Fundo, Pisani, Ponte Grande, Popular, Sagrado Coração de Jesus, Santa Catarina, Santa Helena, Santa Mônica, Santa Rita, São Francisco, São Luiz, São Miguel, São Paulo, São Sebastião, Triângulo, Tributo, Universitário e Várzea.

Neste ano de 2023, 14 bairros foram beneficiados com desassoreamento e limpeza de córregos e rios – Caça e Tiro – rio Carahá, Santa Catarina, Vila Comboni, Caravágio, Popular, Guarujá, Passo Fundo, Copacabana, Maria Luiza, Sagrado Coração de Jesus, Frei Rogério e Ferrovia – Idaza Distribuidora de Petróleo.

Como exemplos, nesta semana, abertura de vala no loteamento Promorar. Cerca de dez famílias sofriam constantemente com alagamentos. Problema solucionado. E serviço no rio Carahá, finalizado em fevereiro deste ano.

No momento, o maquinário está cedido como auxílio à Secretaria de Obras na abertura da rua Germiniano Cordeiro (bairro Caravágio) para acesso à avenida Ponte Grande. Por vezes, o aparelhamento está em outros serviços da Defesa Civil e de outras secretarias em caráter de urgência, todavia, retorna à programação normal.

Habitação será o próximo a ser contemplado

A agenda possui sequência de acordo com o grau de assoreamento do córrego e a relação com o histórico de alagamento no local, assim, é definida conforme as vistorias dos responsáveis. O próximo córrego está situado no bairro Habitação. “É extremamente valioso realizar regularmente a limpeza e o desassoreamento dos rios e córregos. Ações fundamentais para manter a saúde e a funcionalidade destes ecossistemas aquáticos, além de reduzir a iminência de inundações e promover a qualidade da água”, evidencia o secretário executivo da Defesa Civil, João Eduardo da Silva Pacheco (Sargento Pacheco), ao complementar: “Algumas ponderações pelas quais a limpeza e o desassoreamento são primordiais: Devem ser realizados com atenção aos impactos ambientais e na busca por soluções sustentáveis. A conscientização da população em não jogar lixo nos rios e córregos e de adotar práticas sustentáveis implica na preservação destes recursos hídricos e no seu bem-estar. ”

Como solicitar avaliação e limpeza em córrego?

O munícipe deve ligar para a central da Defesa Civil, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h – (49) 3019-7477/3019-7479. Será realizada a inclusão do pedido em sistema digital, passará pela avaliação do local e grau de risco e, após, entrará na lista/cronograma. Caso o lugar verificado não seja passível de limpeza por maquinário, a Defesa Civil encaminhará o caso à Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, e será limpeza manual. b

O assoreamento aumenta no inverno?

O crescimento da grama pode ser afetado durante o inverno, dependendo das condições climáticas e da espécie de grama em questão. No entanto, algumas gramas são mais resistentes ao frio e continuam a crescer mesmo em temperaturas mais baixas, enquanto outras podem entrar em um período de dormência. Porém, o que mais afeta o crescimento da vegetação rasteira é a disponibilidade de água (precipitações).

O que provoca o assoreamento?

Erosão do solo: Um dos principais fatores naturais que contribuem para o assoreamento dos rios. A água da chuva e o fluxo de água nos córregos e rios podem desgastar as camadas superficiais do solo, carregando sedimentos e partículas para os corpos d’água. A erosão é acelerada em áreas desmatadas, em terrenos com declives acentuados ou onde o solo está exposto em razão da atividade humana inapropriada.

Desmatamento: A remoção da vegetação natural ao redor dos córregos e rios, seja para a agricultura, urbanização ou exploração madeireira, aumenta significativamente a quantidade de sedimentos carregados pela água. A vegetação desempenha um papel importante na estabilização do solo, absorção da água e filtragem de partículas antes que atinjam os cursos d’água.

Urbanização e construção inadequada: O crescimento urbano sem planejamento adequado pode levar à impermeabilização do solo, por consequência, à elevação do escoamento superficial e do transporte de sedimentos e poluentes para os rios. A falta de infraestrutura correta para o controle do escoamento das águas pluviais, como sistemas de drenagem e bacias de retenção, também colabora para a extensão do assoreamento.

Descarte impróprio de resíduos sólidos: O descarte inoportuno de resíduos sólidos, como lixo, plásticos e detritos, em margens de rios e córregos ou diretamente na água, leva ao acúmulo de sujeira e poluição. Estes resíduos obstruem o fluxo de água, afetam a vida aquática e prejudicam a qualidade da água.

Poluição industrial: Descargas de poluentes industriais, como produtos químicos, metais pesados ​​e resíduos tóxicos, em corpos d’água, causam a contaminação da água, prejudicando a vida aquática e afetando a saúde dos rios.

Inundações nas cidades. O que uma coisa tem a ver com a outra?

O assoreamento dos rios está diretamente relacionado à ampliação da ameaça de inundação. Quando os rios e córregos estão assoreados, ou seja, quando há acúmulo excessivo de sedimentos, detritos e materiais orgânicos em seu leito, a capacidade de escoamento da água está reduzida.

Esta diminuição na capacidade de escoamento acontece porque o assoreamento comprime o espaço disponível para a passagem da água, obstruindo o fluxo natural dos rios. Com menos espaço para fluir, a água dos rios tende a se acumular em determinadas áreas durante períodos de chuvas intensas ou prolongadas.

Além disso, o assoreamento pode alterar a geometria dos rios, criando bancos de areia, bancos de detritos ou ilhas que direcionam o fluxo da água para outras áreas. A mudança no curso natural do rio resulta em desvios do fluxo de água e, como resultado, acende as chances de inundação em áreas anteriormente não afetadas.

O acúmulo de sedimentos interfere na capacidade de armazenamento de água dos rios, levando a uma rápida elevação do nível da água durante eventos de chuvas intensas. A água não pode ser absorvida pelo solo ou armazenada pelos rios de modo eficiente em função do assoreamento, então, enchentes mais frequentes e graves.

A presença de sedimentos no leito dos rios favorece o entupimento de sistemas de drenagem, como bueiros e galerias, agravando ainda mais o problema das inundações. Portanto, o assoreamento dos rios é um motivo importante que contribui para o aumento da inundação, pois reduz a capacidade de escoamento da água, altera o curso dos rios e dificulta o armazenamento de água durante eventos de chuva intensa. “É essencial adotar medidas para prevenir e mitigar o assoreamento, para reduzir os riscos de inundação e proteger comunidades e áreas vulneráveis”, alerta o secretário executivo da Defesa Civil de Lages, João Eduardo da Silva Pacheco (Sargento Pacheco).

A população tem de ajudar

Educação e conscientização, a fórmula. Salutar conscientizar a população sobre a importância dos rios e a necessidade de protegê-los. Campanhas educativas podem ser promovidas a fim de informar a respeito dos impactos negativos do assoreamento e da poluição, incentivando práticas sustentáveis.

O descarte adequado de resíduos deve ser levado em consideração. Evitar jogar lixo, plásticos, produtos químicos e outros resíduos diretamente nos rios ou em suas margens. Os cidadãos devem descartar os resíduos em lixeiras e sistemas de coleta seletiva. A reciclagem deve ser feita sempre que possível e participação em iniciativas de limpeza de rios e praias.

A conservação da vegetação natural é lembrada, em que deve haver a preservação da vegetação natural nas áreas próximas aos rios. As plantas ajudam a prevenir a erosão do solo, filtrar a água e fornecer habitat para a vida selvagem. Participar de projetos de reflorestamento e evitar o desmatamento ilegal são ações de efeito.

O uso responsável da água influencia positivamente, a partir da redução do consumo de água e sua utilização de maneira equilibrada. Evitar desperdícios, consertar vazamentos e adotar práticas de irrigação eficientes.

Por fim, o entrosamento em programas de recuperação de rios para haver envolvimento em atitudes de recuperação e revitalização de rios, como projetos de plantio de mudas, remoção de espécies invasoras e restauração de margens, cooperando a melhorar a saúde dos cursos d’água.

Texto: Daniele Mendes de Melo

Fotos: Defesa Civil/Divulgação

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