Sessão especial apresenta a devolutiva das ações promovidas em relação ao Sisreg

Por Luiz Del Moura

Realizada no dia 18 de agosto, no Plenário Nereu Ramos, a devolutiva sobre o Sistema de Regulação da Saúde (Sisreg) representou um terceiro momento de ações suscitadas pela Câmara de Lages, após a realização de uma audiência pública sobre o tema na Casa Legislativa e de um seminário nas dependências da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac) nos quais foram apresentados apontamentos para a melhoria do sistema. Além dos convidados, a reunião proposta pelo vereador Ênio do Vime (PSD) contou com a presença dos vereadores de Correia Pinto, Marta Lemos, Moacir Jardim e Vilson Restiroli.

Primeiro a se manifestar, o secretário executivo da Amures, Walter Manfroi, contou que a conclusão de um modelo considerado ideal, após diversas reuniões, foi que cada município fizesse a sua própria regulação no sistema. “Praticamente todos os 18 municípios da Amures estão implementando isso, de forma que avançamos muito rápido nas filas de exames e consultas pendentes”, disse ele, sem esquecer, no entanto, que ainda existem pendências em relação à média e a alta complexidade.

Segundo a diretora executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures, Beatriz Bleyer Rodrigues, a partir de 1º de junho o consórcio iniciou um processo de capacitação e qualificação dos técnicos da saúde na região para que eles tivessem condições de absorver a demanda do Sisreg – antes centralizada em Lages. “A partir do momento em que os municípios iniciaram o processo de repatriamento das filas que aconteciam em Lages foi dada vazão ao fluxo represado. Cada um é responsável por inserir seus pacientes na fila e fazer a classificação do risco”, disse.

Beatriz abordou a problemática do absenteísmo dos pacientes, que chega a 30% dos encaminhados às cirurgias. Sobre isso, o consórcio prepara uma proposta junto à Amures para reforçar a publicidade em relação aos deveres do cidadão quanto ao cumprimento da agenda. Caso não possa comparecer, a ideia é que o paciente avise as secretarias de saúde com até 48 horas de antecedência. “A população precisa dar valor ao que é ofertado, não é por ser gratuito que não tem custo”, comenta.

Sobre a regulação no estado

Quem participou de maneira remota foi a superintendente de Serviço Especializado em Regulação no Estado, Cláudia Gonçalves. Ela conta que a macrorregião serrana conta com uma rede cirúrgica de seis hospitais e mais duas unidades fora da região que dão apoio aos procedimentos em fila de espera. Sobre a situação dos dados não-atualizados de pacientes, Cláudia afirma que houve a contratação de equipes para atuar junto à Central de Regulação da Gerência Regional de Saúde e depurar a fila de espera. “Eles estão trabalhando das 7 às 22 horas, fazendo ligações, dando feedback aos secretários da saúde quanto a não-localização daquele usuário via telefone e pedindo o apoio das s ecretarias para que os agentes comunitários de saúde possam ir até o endereço onde o paciente está lotado no cartão nacional de saúde para localizá-lo e atualizar seus dados”, explica.

Gonçalves também expôs que o serviço estadual vai concluir em setembro um termo de responsabilidade no qual a central de regulação do estado e do município terão apoio jurídico para retirar o paciente da lista de espera após não ser localizado três vezes pelo telefone ou no endereço visitado pelo agente comunitário de saúde. “A partir do momento da consulta ambulatorial, ele sai da fila e só volta se for atrás do serviço”.

De acordo com a supervisora regional da Saúde, Daniela Rosa de Oliveira, todos os processos de competência da regional estão sendo feitos para atingir o maior número de pacientes nas filas de espera. “Ampliamos a capacidade de cirurgias dos hospitais a partir de novos contratos. O hospital de São Joaquim tinha um contrato de nove cirurgias/mês agora chega a 82. A unidade de Bom Retiro passa a ter ativo um centro cirúrgico para 50 cirurgias/mês. Ampliamos a capacidade do Nossa Senhora dos Prazeres, tirando parte da fila da média complexidade de ortopedia para o Seara do Bem, para que possam focar na alta complexidade. Urubici está com o alvará sanitário liberado para o centro cirúrgico. Campo Belo está adaptando seu centro cirúrgico e equipe, posteriormente vamos habilitar Ot acílio Costa e Anita Garibaldi. Como dito, nossas equipes estão ligando para atualizar os cadastros dos pacientes e estamos estimulando as unidades de saúde de atenção primária para que usem os serviços de telemedicina ofertados pelas Secretaria Estadual da Saúde para melhorar a vazão dos atendimentos ambulatoriais”, ressalta.

A situação de Lages

“De tudo que conseguimos conquistar, o principal foi o fator de transparência e do compartilhamento das informações no que tange ao sistema de regulação. Temos pendências em relação à fila e sua transparência, sobre o tempo de espera e a posição que a pessoa está ocupando, mas isso é algo que todos ainda devemos evoluir”, aponta o secretário de Saúde de Lages, Claiton Camargo de Souza. O grande gargalo no serviço, segundo ele, é a baixa oferta de consultas ambulatoriais nas áreas de neurologia, endoscopia e colonoscopia. Por outro lado, ele comemora a evolução em outros territórios –como na telemedicina – que permitem uma expectativa de melhora nos serviços aos cidadãos.

Presidente do Conselho Gestor do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP), Ronny Albert destacou que o forte da unidade são as cirurgias, sendo as maiores especialidades às neurocirurgias, cirurgias de trauma, cardíacas, as de grande porte e alta complexibilidade. “Temos cinco salas cirúrgicas atuantes, com capacidade de atender de 400 a 500 cirurgias/mês. Metade dessas são da rede de urgência e emergência, da porta aberta, que é a nossa vocação e atitude diária”, expõe.

Ronny ressaltou o apoio do Governo do Estado para a organização de cinco leitos de UTI’s específicos. A expectativa é que o hospital possa comportar até 120 cirurgias eletivas por mês oriundas do Sisreg. Para isso, foi remetido um projeto junto à Secretaria de Saúde do Estado para melhorias na capacidade operacional, com a aquisição de equipamentos e o aprimoramento do centro cirúrgico a fim de atender os 100% da meta. “Somos um hospital filantrópico e todos são sabedores da condição que essas unidades se encontram. Não temos dívidas que inviabilizem nosso trabalho diário, mas também não sobra recursos e temos dificuldades para trocar equipamentos que estão com sua validade se esgotando”, explica.
Diretor do Hospital Tereza Ramos e ex-vereador de Lages, Mauricio Batalha Machado comemorou algumas evoluções obtidas nos últimos 24 meses, como a lista praticamente fechada de sobreaviso de médicos em quase todas as especialidades, o fim da fila de espera para exames ginecológicos, a redução de quase oito mil para três mil laudos de raios-X e de tomografia represados e a contratação de mais dois médicos anestesistas. Entre janeiro e a metade de agosto deste ano, o HTR realizou 1.793 cirurgias. “Nossa meta é sair de 250 para até 500 cirurgias ao mês”, aponta Batalha.

Sobre o novo bloco do hospital, construído no antigo terreno do Vermelhão, a estimativa, segundo o diretor, é que a emergência seja aberta nos próximos meses. O 1º andar será destinado à oncologia/enfermaria, o 2º para a enfermaria clínica, como os casos de pacientes de covid e influenza, o 3º andar conta com 26 leitos de UTI, centro cirúrgico concluído e sua montagem final deve iniciar em 15 dias. O térreo comportará o setor de imagem.
A diretora e gerente operacional do Hospital Infantil Seara do Bem, Simaia Ribeiro, esclarece que uma força-tarefa está sendo feita com os médicos para a realização dos procedimentos de cirurgia eletiva. Segundo ela, a fila de pacientes infantis pode ser zerada em dois ou três meses. Simaia ainda aponta que o Seara do Bem tem condições para negociar e absorver demandas dos outros hospitais da cidade relativas aos exames de imagem como radiologia, ultrassonografia e tomografia.

Enio do Vime celebrou as boas notícias dadas pelos convidados. “Fiquei bastante satisfeito com o resultado. É animador saber que há a possibilidade de se aumentar a oferta das cirurgias de alta complexidade, um dos dramas que vivemos na cidade, tanto no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres como no Hospital Tereza Ramos e da possibilidade de o Hospital Infantil zerar suas filas”, finaliza.

Fotos: Bruno Heiderscheidt de Oliveira (Câmara de Lages).
Everton Gregório – Jornalista

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