Jurados são apresentados e triagem da Sapecadas da Canção Nativa e da Serra Catarinense

Por Luiz Del Moura

Com recorde de inscrições comparado com edições anteriores, jurados farão triagem em três dias no Mercado Público

A música nativista valoriza as raízes e preserva a memória histórica, ilustrando o tradicionalismo, a dança, a vida rural, o chimarrão e os costumes do homem do campo. Os instrumentos típicos, como a gaita, o violão e o cajón trazem sonoridade única que encanta e emociona.

A canção nativista será o centro das atenções no Mercado Público Municipal Osvaldo Uncini nos próximos três dias. Nesta quinta-feira (17 de abril) foram apresentados os sete jurados que participarão da triagem das 525 composições para a 31ª Sapecada da Canção Nativa e 210 para a 23ª Sapecada da Serra Catarinense, totalizando 735 composições inscritas. O festival é um dos maiores da América Latina e contará com novidades para 2025, acontecendo em novos dias da semana – sexta, sábado e domingo (13 a 15 de junho) -, durante a realização da 35ª Festa Nacional do Pinhão.

Os sete jurados integrantes da triagem são: Osmar Ransolin, Rafael Puerta, Joacir Borges, Anahy Guedes, Mauro Silva, Rafael Ferreira e Fabiano Bacchieri. As audições e avaliações das composições inscritas começaram nesta quinta-feira (17 de abril) e seguirão até sábado (19 de abril), no Mercado Público Municipal.

Os jurados irão selecionar 16 composições para a classificatória da 31ª Sapecada da Canção Nativa e, destas, somente 12 se classificarão à fase final. O primeiro, segundo e terceiro lugares da 23ª Sapecada da Serra Catarinense também terão participação garantida na etapa nacional, assim como a música mais popular da 23ª Sapecada da Serra Catarinense. A Comissão Julgadora deverá apontar quatro músicas suplentes para substituição, no caso de impedimento de qualquer uma das selecionadas.

A prefeita Carmen Zanotto sublinha a relevância do tradicionalismo e da música nativista através da Sapecada, que irá se tornar Patrimônio Cultural e Imaterial de Lages, levando o festival para o fim de semana ao pensar na comunidade e no trabalhador. “A valorização do tradicionalismo é um dos pilares que sempre defendi com relação à Festa do Pinhão, pois o evento deve voltar às origens, resgatar o que é nosso. Trazer a Sapecada para o fim de semana é pensar também no bem-estar do trabalhador que aprecia a música nativista, que acorda cedo para trabalhar”, observa a prefeita.

Por sua vez, a secretária municipal do Turismo, Ana Vieira, pontua: “O festival nos enche de orgulho, um dos maiores da América Latina, e este ano acontecerá de sexta a domingo. Batemos recorde de inscrições, mostrando a credibilidade que as Sapecadas têm perante músicos e compositores.”

A realeza da 35ª Festa Nacional do Pinhão – rainha Amanda Bianchini Moraes, e as princesas Lariane Rodrigues e Alice Cunha Ramos – prestigiou o evento da noite desta quinta-feira (17 de abril).

Acompanhe um breve histórico dos sete jurados da triagem:

ANAHY GUEDES: Jovem cantora, dona de um talento muito especial, começou sua carreira ao lado da família e mostrou seu talento em muitos palcos do Brasil, Espanha, Portugal e América Latina. É considerada uma das grandes referências da voz feminina no Sul do Brasil, reverenciada por sua voz forte e marcante.

Foi premiada duas vezes com o troféu Pixinguinha no Festival de Música Instrumental de Guarulhos, em São Paulo. Em novembro de 2017 ganhou o troféu Victor Mateus Teixeira, pela Assembleia Legislativa do seu Estado, reconhecida como a melhor cantora do ano. Anahy Guedes, ao lado de sua família, carrega para o palco a estampa gaúcha e o canto que brota do chão missioneiro.

RAFAEL PUERTA: O violonista, cantor e compositor Rafael Puerta, traz em suas composições uma linguagem regionalista e universal, imprimindo em sua obra sua personalidade enquanto poeta jovem influenciado pela realidade contemporânea, bem como os sentimentos que povoam uma mente inquieta que busca se expressar através da arte. Suas composições “Faca” e “Quisera Eu” figuram em listas de melhores da música brasileira, além de ter seu trabalho reconhecido em importantes festivais, como a Sapecada da Canção Nativa, em Lages; a Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana, e a Festa Mundial do Chamamé, em Corrientes, Argentina.

JOACIR BORGES ARAÚJO: Produtor cultural, com formação no 3º grau. Nasceu em Vacaria (RS) e se mudou para Lages quando pequeno. Sua trajetória artística começou no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Barbicacho Colorado em 1978, dançando nas invernadas artísticas. Depois obteve inúmeras premiações na dança da chula. Convidado a fazer parte de um grupo profissional de dança de projeção folclórica, Os Muuripás, com shows em diversos lugares do mundo.

Em 1990, juntamente a amigos, fundou o grupo musical Gaitaço, marcando o início da trajetória na música. Conquistou, na 1ª Sapecada da Canção Nativa, o prêmio de música mais popular, “Princesa da Serra”. Na sequência, participou de praticamente todas as edições, na maioria como músico, em outras como produtor, e por três vezes na condição de jurado.

Hoje em dia é produtor do grupo Quarteto Coração de Potro, um dos mais importantes grupos do cenário musical nativista da região Sul do país, premiado em mais de 50 festivais musicais, com uma média de 110 shows por ano, inclusive com apresentações internacionais, na Argentina e Uruguai. Teve participações no Filme “Garibaldi in America”, produção ítalo-brasileira estrelada pela atriz Ana Paula Arósio, e na novela da rede Globo, Laços de Família, nos Estúdios Globo, anteriormente Projeto Jacarepaguá (Projac), fazendo as gravações das cenas. Atuou em mais de 350 shows desde que assumiu a produção do grupo Quarteto Coração de Potro.

OSMAR RANSOLIN: Osmar Ransolin é advogado, poeta, payador, declamador e pesquisador, de Fraiburgo. Participa de festivais poéticos desde 1994, premiado em praticamente todos os concursos do gênero no Sul.

Destacam-se as últimas conquistas na Querência da Poesia Xucra; na Colheita de Versos; Edital Vozes da Comunidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc); Festival Nacional Caminhos de Anita, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; Festival Catarinense de Arte e Tradição; Concurso da Estância da Poesia Crioula; Balseiros da Canção; Concurso da Biblioteca Pública de Santa Catarina, e Tertúlia Maçônica da Poesia.

Possui obras gravadas pelos principais nomes da música nativista gaúcha. É pesquisador, produtor e apresentador do podcast Confraria do Tropeiro, dedicado ao resgate e divulgação da história, folclore, poesia, música e cultura regional do Sul do Brasil.

MAURO SILVA: Natural de São Gabriel (RS), é médico veterinário, músico, intérprete e compositor. Iniciou suas atividades artísticas aos quatro anos de idade, participando de concursos de gaita de botão e solista vocal. A partir de 2013 começou a participar, como instrumentista, dos festivais nativistas internos da sua cidade e, ao longo dos anos, teve oportunidade de participar de vários festivais importantes do cenário nativista gaúcho.

Formado pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp), atua como médico veterinário, o que lhe permite, além de cantar, conviver com pessoas e costumes que moldam sua música no simples cotidiano do dia a dia do campo. Participou de edições recentes de festivais, como Estância da Canção, de São Gabriel; Ponche Verde, de Dom Pedrito; Seara da Canção, de Carazinho; Cante uma Canção em Vacaria; Sapecada da Canção Nativa, de Lages, e Coxilha Nativista, de Cruz Alta.

Neste período alcançou premiações nos principais eventos da música nativista, entre as quais, destaca-se o prêmio de Revelação da Música Gaúcha do ano de 2024, com o Projeto Taureando, prêmio organizado por Repórter Farroupilha e RBS TV. Entre suas composições estão “Domados no Serviço”, “Rancho de Adobe”, “Verso de Barro”, “Eu Mais Ela e o Tostado”, “Taureando” e “Confia em Quem te Amadrinha”. Mauro já atuou com vários artistas da música rio-grandense, entre eles, Ênio Medeiros, Nilton Ferreira e Lisandro Amaral, e atualmente compõe o time à frente do Projeto Taureando, em parceira com o cantor Guilherme Jaques.

RAFAEL FERREIRA: Médico veterinário, poeta e compositor, tem 36 anos e é natural de Vacaria (RS). Participa de festivais nativistas há 18 anos, período em que obteve diversas participações e premiações nos principais festivais de música no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Dentre suas conquistas, Rafael já foi premiado com o primeiro lugar e melhor letra, na Sapecada da Canção Nativa, em Lages, e na Sapecada da Serra Catarinense. É um dos autores da letra da música “Verso de Barro”, atual campeã do festival.

Trabalha há mais de dez anos na organização do festival Cante uma Canção em Vacaria, além de serem dele as letras das músicas alusivas aos dois últimos Rodeios Internacionais de Vacaria. Em 2023 Rafael lançou o livro de poesias, juntamente ao álbum musical intitulado “Dos Rincões da Minha Saudade”. Possui músicas gravadas por grandes nomes do nativismo, como “Coxonilho”, “Quando Saio a Cavalo”, “Uma Milonga e Mais Nada” e “Cantilena”.

FABIANO BACCHIERI: Músico, compositor e intérprete. Possui mais de 400 músicas gravadas. Iniciou sua carreira em Pelotas (RS) na década de 1980, formando o Grupo Ontonte, tentando a sorte nos festivais em estágio de início e conquista, aos poucos, do espaço neste meio. Adquiriu vasta experiência ao lado de grandes músicos quando integrou, como vocalista, o Grupo Querência, da cidade de Pelotas, no qual permaneceu por mais de dois anos.

Em 1991 levou sua música para diversos países europeus ao lado do acordeonista Fernando Saalfeld, representando o Brasil em festivais mundiais de folclore. Em 2005 e 2006, no Chile, afirmou a cultura regional gaúcha no maior evento equestre daquele país, a Semana Internacional Criolla de Rancágua.

Conquistou diversos prêmios de melhor intérprete e foi vencedor de vários festivais nativistas durante os 40 anos de sua carreira. Fez-se presente em diversos eventos musicais no Uruguai e na Argentina, levando sempre a cultura e a arte regional do Rio Grande do Sul a todos os cantos.

Texto: Samuel Gonçalves

Fotos: Nilton Wolff

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