A Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa promoveu, nesta terça-feira (30), debate sobre a eficácia da política reversa de embalagens de agrotóxicos em Santa Catarina e no Brasil. A reunião contou com a participação de representantes da Federação Nacional das Associações de Centrais e Afins (Fenace), de associações de revendedores, das empresas e órgãos públicos ligadas ao setor, além de parlamentares.
Cerca de 94% das embalagens primárias de defensivos agrícolas são recolhidas e encaminhadas para a reciclagem no Brasil, retornando à cadeia produtiva em forma de outros produtos, de acordo com a presidente da Fenace, Sandra Rodriguês. Ela fez uma explanação sobre a evolução da logística reversa de embalagens de agrotóxicos, “um trabalho que é referência mundial”. “A federação tem dois anos e meio de existência, mas o trabalho de coleta de embalagens vem sendo realizado há mais de 20 anos”, disse.
Sandra explicou as exigências previstas em lei e a participação da federação e demais entidades nesse processo. Explicou a responsabilidade compartilhada entre agricultor, indústria, revendedor e poder público.
A Fenace tem 45 associadas, com representação em 19 estados brasileiros. Sandra relatou que as empresas produtoras de fertilizantes estão em tratativa com a federação para firmar parcerias no recolhimento dessas embalagens também. “As embalagens que estão lá na propriedade rural não chegam sozinhas até as unidades de recebimento”, frisou.
O presidente da Associação de Revendedores de Agroquímicos do Sul (Arasul), João Peron, complementou que o estado de Santa Catarina é uma grande potência agropecuária e que essa potência resulta em um passivo que precisa ser cuidado. E acrescentou que a política reversa das embalagens de defensivo deveria servir de exemplo para outras cadeias produtivas. “Se a gente consegue fazer isso com defensivos, por que não fazer com outras embalagens?”
A presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão (Epagri), Edilene Steinwandter, esclareceu que o papel da Epagri, em relação à reciclagem, é o de orientar, educar e conscientizar, e que isso está inserido no tópico de boas práticas agropecuárias trabalhadas com as famílias de agricultores. Edilene propôs que as várias entidades envolvidas no processo aceitem o desafio de pensar um planejamento estratégico da logística reversa em Santa Catarina. “Somando esforços de todas as entidades conseguiríamos fazer muito mais do que já fazemos”, disse.
O papel de fiscalização das embalagens cabe à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). O gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal, Alexandre Mees, informou que foi implantado este ano um sistema que informa à Cidasc a comercialização de todos os agrotóxicos. “Com isso será possível saber onde estão as embalagens que não foram devolvidas e fechar o ciclo coletando 100% das embalagens utilizadas.” Ele complementou que para a agricultura como um todo, o processo de logística reversa acaba sendo referência mundial pela forma como é executado e que a elaboração da Política Nacional dos Resíduos Sólidos foi muito inspirada no processo que já existia para as embalagens de agrotóxicos.
A deputada Marlene Fengler (PSD) questionou se a média catarinense também é de 94% de eficácia no recolhimento e destinação de embalagens e foi informada por Sandra Rodriguês que em Santa Catarina a média pode ser até maior. O deputado Moacir Sopelsa (MDB) disse que o estado está acima da média do Brasil porque há uma conscientização muito forte. Além disso, acrescentou que “a Cidasc tem um trabalho importante de controlar tudo aquilo que está nas casas agropecuárias”.
O deputado José Milton Scheffer (PP), que preside a Comissão de Agricultura, finalizou o encontro afirmando que o agricultor está fazendo a sua parte na preservação do meio ambiente. “Não significa que não tenhamos muito a evoluir e a melhorar, mas temos um sistema que funciona de maneira adequada. Vamos continuar investindo nisso e perseguir os 100%, essa deve ser a nossa meta.”